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Beatles vão relançar "Let It Be"

Reedição promete recuperar a sonoridade original do disco, que foi lançado em 1970, sem as orquestrações incluídas pelo produtor Phil Spector

Por Agencia Estado
Atualização:

Os minutos finais da carreira musical dos Beatles voltam à tona nos próximos tempos. Sim, o baú sem fundo do quarteto inglês vai gerar mais um produto requentado, mas desta vez o lançamento tem mais pedigree do que as recentes compilações de maiores hits. O disco Let It Be ganha uma versão diferente da que foi lançada em 1970, sem as orquestrações incluídas pelo lendário produtor Phil Spector, que dividiram as opiniões do grupo. O resgate da versão original do álbum acabou detonando a famosa investigação que chegou a descobrir, há poucos dias na Holanda, mais de 500 fitas feitas durante os ensaios para a gravação do trabalho. Os Beatles passaram o mês de janeiro de 1969 ensaiando em um estúdio para um álbum ao vivo e um filme. Câmeras registravam o processo, um momento em que a banda passava por uma crise, detonada por problemas de ego e ainda pela morte súbita do empresário deles, Brian Epstein, em 1967. A banda tentava resgatar o clima do início da carreira, depois de uma longa temporada longe dos placos, ao mesmo tempo em que tentava voltar para uma sonoridade mais básica. As fitas com as gravações tiradas da mesa de som, de alta qualidade, já foram garimpadas e geraram várias faixas que foram parar no Anthology 3, de 1996. Os rolos que foram encontrados há poucos dias em um galpão que escondia vários materiais roubados contêm as gravações feitas com um microfone, que serviria como som direto do filme. A qualidade musical delas, em mono, dificilmente vai satisfazer os puristas hoje em dia, mas o retrato do fim da carreira dos Beatles vale ouro. Nas fitas (que estavam sumidas havia mais de 30 anos e já foram pirateadas, mas são raríssimas de se encontrar), Lennon, McCartney, Starr e Harrison discutem sobre vários temas e tentam encontrar um caminho para o trabalho da banda. Também estão lá as sementes do que seria o disco Abbey Road e dos trabalhos-solos que viraram realidade no início dos anos 70. Seria possível ainda perceber o descaso de Lennon e McCartney pelo talento de composição de Harrison. Let It Be acabou sendo finalizado apenas um ano depois. A banda já estava se separando na época, e Lennon chamou Spector para editar o material. O produtor escolheu apenas dez faixas do vasto material gravado pela banda em estúdio e também ao vivo. Ele também foi atrás de Across the Universe, um refugo de 1968, e I Me Mine, escrita por Harrison e remontada pelo produtor. Ele recheou as duas faixas e também The Long and Winding Road com metais e orquestras - o que teria deixado McCartney "furioso". A nova versão do álbum, que chega ao mercado em breve, vai devolver o caráter original das músicas. Segundo Ringo, a idéia era mostrar para o público que as canções tinham uma simplicidade "delicada". "Paul era totalmente contra a interferência de Phil", disse o baterista à revista americana Rolling Stone. "O duro vai ser agüentar ele dizendo ´eu te disse, eu te disse´!", brincou. Quanto às fitas recuperadas na Holanda, elas devem ser usadas inicialmente para a versão em DVD do filme Let It Be, que tem lançamento previsto para o segundo semestre. Outras ramificações devem aparecer, mas não antes da gravadora Apple fazer um longo e detalhado estudo de tudo o que está nos rolos. Yoko Ono acha que podem sair lançamentos futuros dali, mas ninguém está com pressa para finalizar nada, afinal, o legado dos Beatles ainda tem de ser explorado por muitos e muitos anos. Os fãs precisam ter paciência.

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