Beastie Boys no Brasil, só para Rio e Curitiba

O grupo, um dos mais importantes do gênero hip-hop, vem ao País para o TIM Festival, mas não se apresenta na capital paulista

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Os Beastie Boys não conseguem entender "É estranho não irmos a São Paulo desta vez, é uma cidade fantástica. Vocês têm um grande ambiente para o rap aí, uma vida noturna elétrica e São Paulo tem tudo a ver com Nova York. Estou surpreso", disse na terça-feira o rapper Adam Yauch, o MCA, uma das três partes do trio de hip-hop. Pois é: os Beastie Boys, um dos mais importantes grupos do gênero no mundo (duas décadas e meia de estrada, seis discos, influência seminal no rap), estão chegando para o TIM Festival e seu show será somente no Rio (Marina da Glória, dia 29 de outubro) e Curitiba (Pedreira Paulo Leminski, dia 31). Nada na Paulicéia ritmada. Eles, que já estiveram aqui em 1995, sabem que isso é algum tipo de heresia. Mas é a vida, vamos ao que interessa. "Vamos tocar só rap music desta vez. Não estamos promovendo um disco, não tem compromisso com nada, só com o rap", disse o MC. Adam causou espanto outro dia ao dizer que os Beastie Boys nunca quiseram ser levados a sério. "A arte hoje em dia é muito relacionada com a quantidade de dinheiro que faz circular. Não é que eu ache que a arte seja inútil, mas acho que ela pode ser mais interessante se tiver apenas a proposição de fazer sorrir, ou causar raiva, nem que seja por um dia. Isso é o mais importante." Esqueça aquele tipo de rap feito de bravatas, autopiedade, discurso demagógico. Beastie Boys é rap de grande inteligência. "Gosto de 50 Cent, The Game, Snoop. São caras talentosos. Falam do que acreditam e sentem. Mas não é a vida que eu vivo, e não posso fingir o que não sou, falsear que sou de alguma gangue. Nós não somos". Os Beastie Boys já fizeram uma canção contra a intervenção americana no Iraque ("In a World Gone Mad"), em 2003 e também sobre o atentado ao World Trade Center ("Open Letter to NYC"). Têm consciência política e social, mas suas rimas nunca são chatonildas, daquele tipo messiânico. "Acredito que as pessoas devem procurar melhorar o mundo em que vivem. Nós certamente sabemos o tipo de mundo que não queremos. Gosto do trabalho que o Bono faz. Ele busca anistia para dívidas de países pobres. É fantástico", diz. O rapper brincou quando foi instado a dar sua opinião sobre o rabino Youth Matisyahu, que vem fazendo sucesso cantando gírias misturadas a expressões judaicas. Os Beastie Boys são de famílias judaicas - a família do pai de Adam é judia. "O que eu acho? Mazel Tov (boa sorte em hebraico)!", ele brincou. E emendou: "Acho que é um cara talentoso. Mas nosso hip-hop nunca pretendeu ser judaico. Nós não somos religiosos." Documentário Cinqüenta fãs com câmeras digitais filmaram um show dos Beastie Boys no Madison Square Garden no ano passado. Tiveram acesso aos ídolos, filmaram detalhes da platéia e dos bastidores, e o resultado virou um festejado documentário, "Awesome: I Fuckin? Shot That". Em janeiro, os Beastie Boys - Mike Diamond, Adam Horowitz e Adam Yauch - levaram seu filme ao mais importante festival alternativo de cinema dos Estados Unidos, o Sundance Film Festival, em Park City, Utah. Outros festivais agora os querem, e eles confessam que foram pegos de surpresa pelo sucesso. "Para nós, era só uma experiência", diz Adam Yauch. "Mas acho que a repercussão se deve ao fato de que, primeiro, você pode ver uma banda em ação em todos os detalhes. Segundo, porque a vê da perspectiva dos fãs, de como eles se integram ao show." Banda organicamente ligada a uma cidade, Nova York, os Beastie Boys celebram a capacidade de sua terra de absorver culturas. "Depois do 11 de Setembro, continuamos vivendo a rotina, embora de um jeito mais nervoso. Mas Nova York, a todo momento, afirma que não é só uma cidade de edifícios, mas de pessoas, humana, e isso é muito bom."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.