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Beastie Boys fazem grande espetáculo no Rio

O californiano DJ Shadow e os nova-iorquinos Beastie Boys apresentaram-se na última noite do TIM Festival e atrairam multidão de fãs à Marina da Glória

Por Agencia Estado
Atualização:

Vestidos como os Irmãos Cara-de-Pau, com óculos escuros e ternos pretos, a corrente estridente e branquela do hip hop chamada Beastie Boys entrou no palco principal do TIM Festival 2006 por volta das 2 horas da manhã de segunda-feira para implodir tudo. Era a derradeira noite do festival no Rio de Janeiro, jornada que levou 32 mil pessoas à Marina da Glória entre a noite de sexta e segunda. Na última noite, o palco principal foi tomado mais uma vez por dois conceitos de música politizada, só que dessa vez fundada na eletrônica: o californiano DJ Shadow e os nova-iorquinos Beastie Boys (que voltam a apresentar-se nesta terça-feira, em uma noite espetacular já de antemão em Curitiba, ao lado de Patti Smith, Yeah Yeah Yeahs e Nação Zumbi). Os Beastie Boys são Ad-Rock, MCA e Mike D, o grupo, mais o fabuloso DJ Mixer Master Mike (que não é um integrante da banda, tem presença modesta em estúdios de gravação, mas é fundamental no palco). Eles estão desde 1981 na estrada, são todos quarentões e suas músicas já se incorporaram ao mainstream do hip hop. Então, é mais ou menos como um show dos Rolling Stones, coalhado de gente que canta todas as músicas, acompanha os gestos, faz scratches com discos invisíveis no ar. Demonstrando conhecer o Brasil com um olhar um pouco mais aguçado do que de turistas, elogiaram um quiosque de suco de frutas famoso no Rio e regeram o entusiasmo da platéia com habilidade, engatando hit atrás de hit: No Sleep till Brooklyn Intergalactic, Ch-Check It out, Body Movin?, Do It, entre outros. O chão tremia com o mar de pernas jogando-se no ar - parecia que estava todo mundo fazendo stage diving, como um show punk. O californiano Josh Davis, conhecido mundialmente pelo codinome de DJ Shadow, também tem história e reputação. Ele conseguiu arregimentar até um fã que andava de skate no meio do público de seu show, na abertura dos Beastie Boys. Outro que também foi conferir Shadow foi o insuspeito Lenny Kaye, guitarrista de Patti Smith. Kaye, que também é escritor, não resistiu e foi conferir. "Eu adoro dançar", justificou, postado do lado esquerdo do palco principal. Os discursos de Patti Smith e do DJ Shadow, de fato, são parecidos: havia uma profusão de imagens antibelicistas no telão de Shadow; uma imagem de George W. Bush segurando uma motosserra, como no filme "O Massacre da Serra Elétrica"; mais milhares de soldados e marines marchando ou se perfilando para a ação. "Meu nome é DJ Shadow e essa é minha primeira vez no Brasil", anunciou-se Shadow. Ele adota uma postura interessante: mostra o processo, os truques, mas sem abrir mão da mágica. Seu show alia a potência dos beats com paradas estratégicas para abrir a caixa-preta da parafernália eletrônica com a qual hipnotiza o público. Dub, hip hop, break beat, mas tudo com um sentido menos de mistura do que de conceito. Em faixas como Break It Down e The Number Song, ele manipula a imagem do telão como um VJ, brincando com a sincronicidade entre imagem e música. Um grande show (à exceção da insistência do MC que Shadow chamou ao palco em gritar ?Rio? e pedir para o público levantar as mãozinhas). "Obrigado pela oportunidade de dizer: ?Boa noite´, e divirtam-se com os Beastie Boys", completou o californiano, pouco antes de se despedir. Os Beastie Boys, que vieram a seguir, não o decepcionaram.

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