Baterista rouba a cena no Chivas Jazz Festival

O americano Ari Hoenig, que integra o conjunto do pianista francês Jean-Michel Pilc, foi o destaque da segunda noite do festival

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Por Agencia Estado
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Quando começou o show, e pode-se perceber que o set de bateria estava postado mais na borda do palco, à frente do público, deu para sacar que havia algo errado. Ou algo muito certo. A segunda noite do Chivas Jazz Festival não consagrou nem o pianista francês Jean-Michel Pilc, bandleader da abertura, nem o saxofonista americano Chico Freeman, estrela da noite. Quem roubou a noite foi um baterista americano da Filadélfia de nome alemão, com 28 anos e uma pegada incomum. O nome dele: Ari Hoenig, sideman do pianista Pilc, um seguidor de Tony Williams (1945-1997) com vocação inata para a destruição. "Nunca vi Williams tocar, mas tenho seus discos com Miles Davis e Andrew Hill e posso dizer que é minha maior influência, além é claro dos grandes mestres, Elvin Jones e Art Blakey", disse Hoenig, falando à reprotagem na manhã de hoje. Hoenig, Jean-Michel Pilc e o baixista Thomas Bramerie mostraram uma abordagem dessacralizadora dos standards, seja na versão hard bop de Wave e Corcovado, de Tom Jobim, ou em Solitude, de Duke Ellington. Emoção e groove, conceitua Hoenig. "Procuramos deixar livre o senso de improvisação, mas fixando-se na forma", ele diz. Além da facilidade com que alterna delicadeza e fúria na bateria (ou "energia e graça", como prefere), Hoenig tem outra marca registrada: as caretas. Seu rosto parece de borracha durante o show. "É espontâneo, não tenho controle sobre isso quando me envolvo na música", diz. "Às vezes, vejo vídeos das performances e não me reconheço". Ele tem seu próprio quarteto em Nova York, e toca eventualmente com outros músicos como sideman - gente como Mike Stern e Kenny Werner, com quem gravou Beauty Secrets (1999). Seus parceiros são ecléticos: um deles toca com D´Angelo, astro do R&B. Começou a tocar bateria com 16 anos e conheceu Jean-Michel Pilc em Nova York, em 1996. O outro show da noite era o mais aguardado, mas decepcionou um pouco. O saxofonista Chico Freeman atuou mais como um maestro do que como solista, e sua visão do latin jazz soa aculturada, uma espécie de santeria para turista. Ele tocou quatro temas do seu mais recente disco, Oh, by the way... (Double Moon Records): La marqueta, New African Village, 541 e Once Again. Cantando ou fazendo percussão, no entanto, agradou o público, que dançou com sua banda. Chivas Jazz Festival. Directv Music Hall. Av. dos Jamaris, 213, tel. 5643-2500. Ingressos na Saraiva, Fnac e Riachuelo ou pelo tel. 6846-6000.

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