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Bar Piratininga lança disco e selo

Reduto da cultura paulistana de botequim, o bar da Vila Madalena lança hoje o CD Cancioneiro, parceria do dono Pedro Costa com os músicos da casa

Por Agencia Estado
Atualização:

O Bar Piratininga é todo saudades. A começar pelo nome, uma alusão ao batismo da capital paulista, chamada pelos jesuítas de São Paulo de Piratininga, numa época em que o único jeito de trazer o passado à tona era apelar para a memória. "Hoje temos mais recursos para lembrar o que passou. Meu bar e suas atrações musicais, por exemplo, são um portal para o passado", diz Pedro Costa, dono do Piratininga e poeta. A falta que Costa sente das serestas dos anos 70 acaba de ganhar um aliado bem moderno. Em parceria com os músicos que se apresentam na casa, Costa lança hoje o CD Cancioneiro, uma ode à cultura paulistana de botequim. "A cidade não sente mais falta de mim, nem os bares, nem outros lares", canta Carlos Careqa em Álbum de Família, primeira faixa do CD. Um prenúncio do clima saudosista que se segue. "Queremos evitar que a parceria entre a música de qualidade e a boemia entre em extinção", explica Costa. Com um repertório de 15 músicas, todas da autoria de Costa, Cancioneiro marca também a inauguração do selo Piratininga Bar, um antigo desejo do poeta. "Foi tão difícil escolher só 15 canções, que o segundo volume já está a caminho", conta Costa, que pretende usar o selo para lançar outros discos produzidos pelos artistas da casa. Mais difícil que selecionar as músicas de Cancioneiro, só mesmo reunir toda sua matéria-prima: centenas de fitas, algumas gravadas há mais de 20 anos, em rodas de fundo de quintal. "Coloquei tudo em um caixote de laranja e entreguei para o Daniel Szafran, que teve de escolher, recuperar e arranjar as canções", diz Costa. Hoje o pianista Szafram divide as honras da casa com o anfitrião. Há oito anos embalando os almoços de domingo no Piratininga, ele é o músico mais antigo do bar, que este ano completa dez anos. "Acho que o Cancioneiro é o melhor presente que poderíamos dar ao nosso público", afirma Costa. Para a festa de aniversário, Paulo Caruso, Maurício Pereira e Carlos Careqa já confirmaram presença. Também emprestaram suas vozes para algumas faixas do álbum, que conta ainda com a participação de Zeca Baleiro e Demônios da Garoa. "Quis reunir músicos que freqüentam o Piratiniga, têm a cara de São Paulo", diz Costa. A afinidade com a Vila Madalena nasceu há 23 anos, quando Costa se mudou para o bairro. Época em que as centenas de barzinhos, que hoje garantem a fama boêmia do lugar, começavam a pipocar. "Abri o Piratininga porque apesar de tantos bares, nenhum se preocupava em resgatar a música instrumental de qualidade", conta. Retratos de músicos pendurados pelas paredes. Bolachas de chope decoradas com antigas letras de música e iguarias como o prato Adoniram Barbosa, a salada Elis Regina. Mas o mérito do Piratininga, vai além da estética. Foi ele quem levou o piano para a Vila. Seguindo seus passos, vários vizinhos copiaram o estilo. Para alegria dos seresteiros de plantão, que precisam apenas de um balcão e um punhados de ouvintes para continuar fazendo história. Laçamento do CD "Cancioneiro". Hoje, às 18h. Piratininga Bar. R. Wisard, 149. Vl. Madalena. 3032-9775.

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