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Banda vital dos anos 1990, o Soundgarden estreia no País no Lollapalooza

Ben Shepherd fala da vinda da banda ao País pela primeira vez em 30 anos de carreira

Por Jotabê Medeiros
Atualização:

Hunter Benedict Shepherd, ou simplesmente Ben Shepherd, nasceu em Okinawa, no Japão, em 1968. “Meu pai era militar e servia numa base lá quando nasci”. Cresceu no Estado de Washington, foi operário e carpinteiro. Até que um dia fez uma audição para ser baixista de um grupo que faria História no rock americano, o Soundgarden (parte mais influente da cena do grunge de Seattle, ao lado do Nirvana).

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Shepherd ainda vive em Seattle, onde tem um bar chamado Hazelwood. “É um cocktail lounge. Não parece muito com um bar americano. Talvez pareça com um daqueles bares de Nova Orleans. É pequeno, tem um cantor que canta coisas dos anos 1960 e 1970, um lugar bastante bizarro”. contou, em entrevista ontem à tarde ao Estado.

O Soundgarden esteve na mítica segunda edição do Lollapalooza Festival, e agora foi confirmado (após 15 anos separados, voltaram em 2010 e no ano passado lançaram o disco King Animal) como atração do Lollapalooza Brasil 2014 (dias 5 e 6 de abril, no Autódromo de Interlagos). A banda virá ao Brasil com Shepherd, Chris Cornell (vocais) e Kim Thayil (guitarra), mas sem o baterista Matt Cameron (também do Pearl Jam), que estará ocupado na ocasião.

Soube que inicialmente você foi recusado pelo Soundgarden, é verdade?Na minha primeira audição fui recusado. Eles contrataram Jason (Everman), e eles foram adiante por seis meses. Voltei para minha namorada na época e disse: “Daqui a seis meses eu volto e eles vão me pedir para me juntar a eles”. E quase todo dia eu repetia isso.

Quando vocês voltaram, vieram com uma música na trilha do filme Os Vingadores. Live to Rise, que foi muito criticada pelos fãs mais radicais.É, eu sei. Ficaram loucos com a música. Mas é preciso ouvi-la ao vivo, é muito Soundgarden, não soa como nada daquilo que os críticos disseram que parecia. É muito otimista em certo aspecto, gosto muito dela.

Você acha que vai ser diferente sem Matt (Cameron, baterista)?Vai ser completamente bizarro para mim, não sei como vai ser para os outros caras, porque Matt é parte do que nós somos. Eu confio inteiramente em Matt. Os outros vieram me dizer: não se preocupe, tudo vai correr bem, vamos tocar bem... Vai ser muito interessante, espero que não seja muito difícil. Mas quem quer que escolhamos, espero que faça seu trabalho bem, porque é uma turnê curta, se fosse algo extenso não daria certo.

Soube que, após King Animal, vocês estão planejando um novo álbum.Sim, está quase pronto, deve sair no ano que vem. Não há título ainda, o título não chega tão cedo, primeiro precisamos ouvir as canções.

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Após 22 anos esperando, o que os fãs brasileiros podem esperar?Integridade, embora nós tenhamos um novo baterista, porque Matt tinha outros compromissos. Levamos três anos planejando ir a esse lado do planeta, e agora vamos, embora Matt tenha tido de cumprir outros compromissos. Desde 1990 nós planejávamos ir. Colocamos na lista todo esse tempo, e mal posso esperar para tocar aí.

Que tipo de relação vocês têm agora? Os primeiros anos foram cheios de energia e potência. Que tipo de banda são agora?Acho que agora nós vamos mais fundo, somos melhores do que éramos antigamente, musicalmente. Ainda somos amigos, ainda somos parceiros criativos. Podemos tocar em uma velocidade maior do que tocávamos.

Uma banda dos anos 90 voltando hoje é algo meio diferente, não? É um universo musical totalmente diferente. Como você vê a presença de uma banda de rock num futuro próximo?Bem, o processo de gravar ficou mais fácil e mais conveniente. O que é curioso, porque nós viemos da cena “faça você mesmo” por excelência, que era a cena musical de Seattle. Mas é também meio assustador esse domínio da internet, não há prioridades para a música. É engraçado: agora mesmo eu estava procurando um estúdio de gravação, mas não achei nenhum disponível porque é época de Natal. Foi difícil achar. Estão todos ocupados. O que significa que as pessoas ainda estão fazendo discos, e outras comprando discos, mas não no mesmo patamar em que já compraram. Acho que o futuro das bandas estará nas mãos dos consumidores de música, de sua disposição de continuar comprando a música, seja lá em que forma ela estiver. O que importa é que, se você quiser continuar tocando música, deve continuar a fazer isso.

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