Banda Rakta extrapola rótulos do rock para promover ritual musical

Banda paulistana se apresenta nesta quinta-feira, 8, no Centro Cultural São Paulo

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Por Pedro Antunes
Atualização:

Houve quem descrevesse o som da banda Rakta como krautrock, movimento roqueiro alemão que, à risca, não possuía uma estética definida e, sim, uma vontade de experimentar novas possibilidades, de distorções à linguagem eletrônicas, quase robóticas.

Banda Rakta Foto: Mateus Mondini

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“E é curioso, porque não lembro de citarmos krautrock como nossas referências”, brinca Carla Boregas, voz e baixo do grupo, atualmente um duo, formado ao lado de Paula Rebellato (sintetizadores). “Mas não temos essa necessidade de nos encaixarmos numa classificação. Nós criamos a partir dos nossos desejos. A Rakta sempre foi um espaço para a criação livre.”

É dentro desse espectro, mesmo, que surge o Rakta, essa banda iniciada como um quarteto e, hoje, formada por um duo – o posto de baterista se alterna de acordo com as apresentações e agenda dos músicos próximos. Ao longo de seis anos de existência, a banda já rodou o Brasil (“falta a região norte”, lembra Paula), Europa, Estados Unidos, Japão, Colômbia e México. 

Tudo na Rakta se enquadra na sensação de liberdade. E ruído. Muito, aliás. Qualquer outra tentativa de classificação pode prejudicar o caminho muito próprio que o som da Rakta faz assim que se embrenha pelo cérebro de cada ouvinte.

E, talvez, o uso do termo krautrock – gênero preguiçosamente criado por críticos de língua inglesa para abraçar todo o movimento de música experimental na Alemanha – faça sentido nesse sentido para a banda, mas só nesse. Na busca pela liberdade estética dentro dessa – vá lá, vamos soltar uma classificação aqui – linguagem do rock.

Dentro disso, elas também se aproximam do que é a euforia rebelde, anarquista e niilista do punk, quando surgiu, em meados de 1970, em Nova York. 

Banda Rakta Foto: Mateus Mondini

O melhor, mesmo, é soltar o play nos discos (dois, no total) e compactos (são quatro) lançados pela banda, ou assisti-las ao vivo, no palco, para entender a espécie de ritual que nasce dos vocais de versos curtos, baixo, sintetizador e bateria.

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Uma chance de vivenciar a Rakta será nesta quinta-feira, 8, no Centro Cultural São Paulo, às 21h, no show de lançamento do compacto Oculto Pelos Seres, que estará lá disponível em versão normal e de luxo, com a bolachona colorida.

“Enxergo a Rakta como algo muito vivo e orgânico”, explica Paula, sobre a potência das apresentações da banda. “(O show é) Algo que nos faz questionar o que o controle: até que ponto estamos controlando a situação ou quando a situação é o que nos controla”, diz Paula.

“Outro dia, conheci um cara”, conta Carla, “e perguntou sobre o que era o som da banda.” A baixista e vocalista, então, respondeu: “Ah, é uma mistura de vários sons”. “No fim, ele tinha assistido a um show nosso. E é isso. É mais fácil assistir a gente tocar”, diverte-se Carla. 

“Sempre tivemos abertura para deixar as coisas acontecerem, sem máscaras”, reflete Paula. “É um lapso, um momento que parece uma eternidade, mas não é uma experiência tangível. É como um punhado de areia que escorre pela mão, não é possível segurá-lo.”

Muitas das apresentações são gravadas em fitas cassete – às vezes com um gravador de mão – e vendidas nas turnês, como registros da particularidade de cada uma das performances, como se guardasse aquela areia da praia num potinho de vidro.

RAKTA  Centro Cultural São Paulo. Sala Adoniran Barbosa. R. Vergueiro, 1.000, Liberdade, tel 3397-4002. 5ª (8), às 20h. R$ 20

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