Banda Quasímodo resgata o humor paulistano

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Por Agencia Estado
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"Ser ridículo e incrivelmente adorado". Essa é uma das premissas propagadas pelos integrantes da banda Quasímodo, que lança nesta segunda-feira seu auto-intitulado disco de estréia. Referências encontradas no som do conjunto: Animal do Brega e grupo Rumo, Village People e Língua de Trapo, Mamonas Assassinas e Roberto Carlos. "Nós viemos do caos, de uma massa de influências de onde surgiu esse produto que estamos lançando", diz Júnior, vocalista, em entrevista na casa estúdio da banda, em São Paulo, onde Júnior, Vans Moraes (vocais), Tico d´Godoy (sax e flauta), César Sartori (bateria), Marcos Padovani (trompete), Poney (guitarra) e Nelinho (teclados) vestiam-se com perucas coloridas e roupas extravagantes - visual glam que a banda adota em seus shows. Falam empolgados do disco, dos shows - já são mais de 600 em 7 anos de estrada. Vibram com os elogios tecidos pela imprensa portuguesa, país no qual tocaram em setembro, em turnê de um mês. No entanto enxergam a banda como um produto. E querem vendê-lo. "Pretendíamos no início quebrar com aquela coisa mecânica e fria: platéia é platéia, palco é palco", diz Júnior. "Começamos em 1993 sem proposta alguma. Nos reuníamos para fazer um som e pirar nos palcos com um repertório bem dançante e alegre", continua. "De lá pra cá, começou a ficar sério e vamos lançar o disco para dominar o mundo", completa. Quebrar a quarta parede, a barreira invisível que separa público e artista, era o intuito da banda. Nos shows do Quasímodo o vocalista passeia pelo salão e os fãs cantam e dançam no tablado. "Somos uma banda de palco. O disco foi fruto de fatos que surgiram nesses shows todos. Nasceu de um processo lento", explica Sartori. O grotesco diferente - Quasímodo significa "indivíduo monstrengo". É também o nome do personagem principal do romance O Corcunda de Notre Dame, de Victor Hugo. "Somos esquisitos mas bacanas, simpáticos e temos bom coração", comenta Vans, quando questionada acerca do nome. A proposta inicial de misturar tantas e tão diferentes referências, segundo Poney, surgiu ao acaso. "A gente poderia falar um monte de coisas bonitas, mas na verdade tudo aconteceu naturalmente", comenta. Não há como negar a semelhança com os Mamonas Assassinas. A irreverência, o humor tipicamente paulistano, as piadas sexuais, as colagens pop, seja nas letras das canções, seja nos arranjos das músicas, e o visual carregado são elementos presentes em ambas as bandas. No entanto, o Quasímodo não tende ao escracho. Canções como Um Abraço e Bate Girl lembram, apesar de mais digeridas, o som da geração que ficou conhecida como vanguarda paulistana. São mais exigentes musicalmente. Buscam em Beatles, Frank Zappa, Bee Gees e Roberto Carlos elementos criativos. Procuram ser originais. Por isso, estão distantes do pastiche brega que faziam os Mamonas. "Os anos 70 remetem ao absurdo, à liberdade de cores e de atitudes. Não que a gente tenha ouvido somente música dançante, mas foi a linguagem que encontramos para mostrar as nossas idéias", explica o vocalista. Para lançar o álbum a banda promove, na próxima segunda-feira, grande festa na Tom Brasil.

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