PUBLICIDADE

Bambas do Samba remonta época áurea do pagode

A Som Livre lança a série Bambas do Samba, com 50 discos que ganharam qualidade digital. A gravadora adquiriu o arquivo da RGE e com esta coleção começa a recolocar pérolas do pagode no mercado

Por Agencia Estado
Atualização:

Tempo: início dos anos 80. Cenário: subúrbio carioca. Adereços: comida e cerveja de qualidade. Personagem principal: o bom samba. Foi nesse contexto propício, em ritmo de festa, que o pagode surgiu. Do quintal das casas felizes, a música de Almir Guineto, Jorge Aragão, Jovelina Pérola Negra, Zeca Pagodinho, Bezerra da Silva e Grupo Fundo de Quintal ganhou todo o País e alegrou muita gente. A indústria fonográfica entrou na festa, principalmente a gravadora RGE, responsável por lançar todos esses nomes. O pagode virou sucesso, tanto, que as outras companhias começaram a fabricar os seus grupelhos em linha de produção. E o pagode, que era alegre, e trouxe o samba novamente à tona, entristeceu. Virou lamento, musicalmente lamentável. Pois bem, por um desses acasos do destino ou pelo fato de os discos mais vendidos da coleção Pérolas, da Som Livre, serem de pagodeiros de classe, cabem as duas hipóteses, a Som Livre acaba de lançar a série limitada Bambas do Samba. São 50 discos que ganharam ótima qualidade digital. Uma iniciativa louvável da gravadora, que este ano adquiriu de vez todo o material de arquivo da RGE e com esta coleção começa a recolocar essas pérolas, as verdadeiras, no mercado. Compõem a coletânea todos os discos do Fundo de Quintal (menos o recente lançamento Simplicidade - Fundo de Quintal Ao Vivo); os dois primeiros de Zeca Pagodinho, Zeca Pagodinho (86) e Patota do Cosme (87); Contra o Verdadeiro Canalha (95) e Meu Samba é Duro na Queda (96), de Bezerra da Silva; os quatro mais importantes álbuns de Almir Guineto, de Os Olhos da Vida (88) a Sorriso Novo (85); Raiz e Flor (89), Coisa de Pele (89), A Seu Favor (90), Chorando Estrelas (92), Um Jorge (93) e Acena (94), de Jorge Aragão e seis dos sete discos que Jovelina Pérola Negra gravou em sua carreira. Como de praxe nessas coletâneas, os discos ganharam capa uniforme. A boa notícia é que as originais foram mantidas. Portanto, basta abrir o encarte, dobrar pra cá e pra lá, e ficar com um ótimo e bonito CD na prateleira. Quem comandou o projeto foi Sidnei Oliveira. Não há letras, apenas as fichas técnicas. Em alguns dos discos falta a data do lançamento original. Faz falta. Destoa do restante do material a compilação de todos os álbuns do Raça Negra. A banda, que surgiu no início dos anos 90, em São Paulo, é uma das responsáveis por fazer da terra da garoa símbolo do pagode brega. Esse de Morenos, Katingueles, Negritudes e afins. Para exemplificar bem essas distintas fases do pagode, uma boa e outra ruim, completam os lançamentos as duas coletâneas Raça Brasileira. A primeira, lançada em 1985, revelou Zeca Pagodinho e Jovelina para o estrelato. A outra, lançada pela Som Livre na década de 90, aponta em diversas direções. Tem Jamelão e Bezerra da Silva. Mas, não precisava, também tem Terra Samba e Grupo Feitiço.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.