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Badi Assad volta para conquistar o Brasil

Elogiada na Europa e Estados Unidos, a violonista e cantora mostra no Centro Cultural Banco do Brasil faixas de seu álbum ainda inédito No Where

Por Agencia Estado
Atualização:

A violonista brasileira Badi Assad, de 35 anos, toca profissionalmente há mais de duas décadas, mas apesar dos anos de carreira, são poucos ainda que conhecem a qualidade do trabalho dela. Hoje, a também cantora e compositora se apresenta no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo, na série Flores de Aço. Badi Assad vai mostrar músicas de seu CD ainda inédito, No Where, e do lançado em 1998, Chameleon. O motivo para o pouco conhecimento do trabalho de Badi Assad é sua trajetória. Ela, como tantos outros artistas brasileiros, faz mais sucesso no exterior do que no Brasil. O convite para gravar nos Estados Unidos surgiu quase por acaso, enquanto Badi Assad distribuía, no começo dos anos 90, sua fita demo entre gravadoras brasileiras. "Ninguém tinha tempo para ouvir meu trabalho. Foi uma amiga, Ana Karam, quem conseguiu um encontro com o diretor da Chesky Records. Na semana seguinte, ele me enviou um contrato por fax", conta a cantora. O público internacional recebeu muito bem as composições de Badi Assad. Não são raros os elogios à cantora em sites internacionais sobre música. Badi Assad é citada como uma das grandes intérpretes brasileiras, que mistura o clássico com o baião. Badi Assad tem quatro CDs e um LP gravados e seu último trabalho, lançado pela Polygram americana, vendeu 100 mil cópias. Os outros três CDs, Solo, Rhythms e Echoes of Brazil também foram lançados por uma gravadora americana, a Chesky Records. Seu único disco lançado no Brasil, um LP, foi feito de forma independente. "Por esta razão meu novo CD será lançado aqui no Brasil. Não vou dizer que sinto frustração por meu trabalho não ser conhecido aqui, mas nunca tive oportunidade de popularizar minha música no Brasil, onde as pessoas entendem o que falo. O show é uma das chances que vou aproveitar". Na apresentação que vai fazer hoje, Badi Assad mostra seu novo projeto. A cantora pretende conquistar o público brasileiro e ressaltar o que a tornou famosa no exterior: seu estilo peculiar que mistura vários ritmos. Na música Solais, por exemplo, Badi Assad segue os ensinamentos do percussionista Naná Vasconcelos e faz de seu corpo um instrumento de percussão. Badi Assad arranca sons batendo no rosto com as palmas das mãos. Em Butterfly, ela toca uma flauta de cobre, diferente das flautas doce e transversa, ao mesmo tempo em que dedilha o violão. Na canção Mulher, mostra a habilidade com o kalimba, instrumento africano de percussão. E em Daruma, Badi Assad apresenta seu "violão experimental", do qual consegue tirar sons diferentes do similar tradicional. A evolução profissional de cantora e compositora acompanhou seu próprio desenvolvimento. Nas primeiras vezes em que subiu ao palco, Badi Assad tocou apenas violão. Depois foi acrescentando voz, corpo e usando outros objetos e instrumentos nas apresentações. Badi Assad tem formação de violão clássico adquirida na faculdade de música da Universidade do Rio de Janeiro. Mas suas composições são resultado de referências diversas. O pai, Jorge, toca bandolim, a mãe Ica é cantora e os dois irmãos Sérgio e Odair também tocam violão e são os integrantes do Duo Assad. "Todos acreditavam que eu seguiria a carreira de música, mas durante muito tempo meu desejo foi ser bailarina e atriz." A vontade de aprender violão surgiu aos 14 anos. Mas os anos de trabalho corporal, obviamente, não foram desprezados e hoje são aproveitados em suas apresentações. "Meu corpo é parte integrante de minha carreira musical. Preciso dele no palco". Um ano depois de começar a dedilhar o instrumento, Badi Assad já estava participando de festivais de música e chegou a ganhar vários prêmios em concursos de jovens instrumentistas do Rio de Janeiro. O gosto pelo ofício foi tanto, que Badi Assad lembra de ter passado a adolescência estudando música, sozinha em casa. O estudo solitário se refletiu em seu trabalho, que por anos foi solo. "Raramente tive a experiência de tocar numa banda, com vários músicos, como acontecia com outros jovens. Sempre estive acostumada a enfrentar o palco sozinha". O amadurecimento foi trazendo a necessidade de encontrar parceiros e, no momento atual, Badi Assad quer criar em conjunto. Seu próximo disco será produzido pelo americano Jeff Young, que Badi Assad conheceu durante os anos em que esteve em turnê pelos Estados Unidos e pela Europa. O novo trabalho vai ter a participação de Carlos Malta, Simone Soul e de Lenine. "O grupo promove uma comunhão incomparável no palco e lidar com outras pessoas também prevê evolução interior." Hoje, além dos músicos que tocam com ela, Badi Assad vai dividir o palco com a atriz Rosi Campos, que lerá poemas de Hilda Hilst. Para lembrar os velhos tempos em que só tinha seu violão como companhia, ela estará nos dias 4, 5 e 6 no Supremo Musical se apresentando sozinha. Boa oportunidade para ver as duas faces de Badi. Centro Cultural Banco do Brasil. Rua Álvares Penteado, 112, centro. Tel.: 3113-3651. Hoje, 13h e 18h. Supremo Musical. Rua Oscar Freire, 1000, Jardins. Tel.: 3062-0950. Dias 4, 5 e 6, a partir das 21h.

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