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Baden é enterrado ao som de "Lapinha"

Por Agencia Estado
Atualização:

O corpo do violonista Baden Powell, que morreu ontem aos 63 anos, foi sepultado ontem ao som de Lapinha, um de seus maiores sucessos, feito em parceria com Paulo César Pinheiro. Enquanto o caixão era colocado na gaveta do cemitério de São João Baptista, em Botafogo, na zona sul do Rio, o filho mais novo do músico, Louis Marcel Powell de Aquino, de 18 anos, também violonista, dedilhou a composição no violão do pai, que foi cantada por amigos e parentes, alguns muito comovidos. Cerca de 100 pessoas compareceram ao enterro, entre elas o cantor e compositor Paulinho da Viola, o violonista Turíbio Santos, os pesquisadores de música Hermínio Bello de Carvalho e Sérgio Cabral, o cantor Simoninha, filho de Wilson Simonal, e a cantora Joyce. "Baden era um músico único, é uma perda muito grande para todos nós, e vai custar a aparecer outro igual", disse Paulinho da Viola. Muito emocionado, Turíbio Santos afirmou que estava extremamente penalizado e que perdia um grande amigo. "Ele não tinha medo de competição; quando fui a Paris pela primeira vez, tinha 21 anos, e ele me recomendou para todo mundo." Assim como outros amigos, Santos considera que Marcel pode ser um sucessor de Baden. "Ele deixa para nós Marcel, que é um tremendo violonista", disse. Silvia de Aquino, ex-mulher de Baden e mãe dos dois filhos do compositor, e a mulher com quem viveu seus últimos três anos, Elisabeth do Carmo Amorim, acompanharam o caixão até o sepultamento. Beth afirmou que ela e Baden planejavam ter um filho. "Mas, infelizmente, não houve tempo", afirmou a mulher, que estava com uma lista de poemas que o músico fizera para ela. Para o jornalista e pesquisador Sérgio Cabral, Baden era o maior violonista popular do mundo. "Ele era genial", declarou. A cantora Joyce disse que Baden era o ídolo de todos os instrumentistas do País, porque foi o reinventor do violão brasileiro. Ela destaca, na obra de Baden, os afro-sambas como únicos. "Eles são absurdamente especiais", acrescentou. Segundo Joyce, a música de Baden já está no "imaginário popular brasileiro" há muito tempo. O corpo do cantor foi velado durante toda a noite de anteontem e a madrugada de ontem na Câmara Municipal carioca. O consulado francês no Rio enviou o chefe de Difusão Cultural, Bertrand Rigot-Müller, como representante do governo da França, país em que Baden viveu por mais de 20 anos. Ele ressaltou a importância da obra do violonista em toda a Europa. "Durante muito tempo, ele foi o artista brasileiro mais conhecido em Paris, e os franceses sempre tiveram muito carinho por ele", afirmou. Pouco antes de o caixão de Baden ser levado para o enterro, foi realizada uma cerimônia ecumênica no saguão da Câmara. Realizaram a cerimônia dom Estevão Maurício Vasques, amigo de infância do violonista, frei Clemente e os pastores Washington e Wilson, do Centro Evangelístico Unido (CEU). Há cerca de cinco anos, o músico se converteu ao protestantismo. Segundo Esther Melo, que freqüentava o mesmo templo de Baden, no Leblon (zona sul), o compositor tocava nas cerimônias religiosas. "Todas as segundas e sextas, ele estava lá, tocando, e era uma alegria no culto", afirmou Esther, que foi batizada junto com o compositor. O caixão foi transportado para o cemitério em um carro do Corpo de Bombeiros.

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