Atriz e cantora Thalma de Freitas, uma boa aposta

Surge um novo selo, Cardume, com quatro discos e uma das boas apostas é o álbum homônimo da atriz e cantora Thalma de Freitas, que faz show este fim de semana em SP. Ouça faixa "Tranqüilo"

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Por Agencia Estado
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O produtor Bruno Levinson anda na contramão do mercado. Há dez anos, quando se lamentava o marasmo da música brasileira, ele criou o Humaitá Pra Peixe, festival que reunia artistas novos no Espaço Sérgio Porto, situado no bairro da zona sul do Rio que dá nome ao projeto. Nomes de sucesso de hoje, como Seu Jorge, Planet Hemp (e Marcelo D2), Pato Fu e Pedro Luís e a Parede (que acabam de lançar Vagabundo, com Ney Matogrosso), estrearam lá. Agora, Bruno lança um selo, Cardume, em parceria com a EMI-Odeon, e já sai com quatro discos: Thalma de Freitas, Jimi James, China (que foi do Sheik Tosado) e o grupo Bangalafumenga. "Tinha essa idéia há muito tempo e acreditava que, com uma grande gravadora multinacional, seria mais fácil produzir e fazer os discos circularem. Como os executivos da EMI sempre foram conferir nossos shows, a negociação foi fácil", explica ele. "Escolhi artistas já prontos, que pudessem desenvolver a carreira a partir do lançamento. Os CDs têm seis faixas, metade do habitual, porque o preço de loja será menor, por volta de R$ 12,00". Dos quatro lançamentos, a cantora Thalma de Freitas é a mais conhecida. Já fez novela na Rede Globo e tem um disco anterior, que não aconteceu. Tem bons antecedentes, pois é filha do pianista Laércio de Freitas, que o público leigo conheceu na novela Mulheres Apaixonadas, também da Globo, como pianista da banda de Téo, saxofonista vivido por Toni Ramos. Os músicos, entre eles João Donato, sempre foram fãs de Freitas e o disco dela reúne outros instrumentistas de seu naipe para tocar sambas e choros, clássicos e novos. Leia crítica de Lauro Lisboa Garcia Thalma de Freitas não é apenas a mais famosa do pacote inaugural do Cardume. Fez também o melhor dos quatro EPs (extended play). O disco foi produzido por Berna Ceppas e pelo requisitado e criativo Kassin. É por conta dele que o disco tem uma atmosfera de modernidade retrô, bem característica do produtor.Em sua bem-vinda guinada da televisão para a música, a cantora já acompanhou Sandra de Sá e integra a Orquestra Imperial, da turma de Kassin. A cantora chegou a gravar um álbum na Sony em 1996, logo retirado de catálogo e esquecido. Volta agora ao disco equilibrada em excelente repertório e arranjos à altura dos lendários músicos que a acompanham. São eles Laércio de Freitas (pianos), Wilson dos Neves (bateria e percussão) e o baixista Bebeto, do Tamba Trio. Eles a acompanharão nos shows de lançamento do CD, sábado e domingo, no Sesc Pompéia, em São Paulo. Kassin também assina a ótima faixa de abertura Tranqüilo, de acento latino, lançada pelo grupo Acabou la Tequila. Berna Ceppas toca escaleta na última faixa do CD, Cordeiro de Nanã (Mateus/Dadinho). No miolo, Thalma se espraia por samba novo com cara de antigo (O Samba Taí, de Seu Jorge/Sérgio Peo), samba antigo de roupa nova (Beija-me, de Roberto Martins/Mário Rossi), choro clássico só com voz e piano (Doce de Coco, de Jacob do Bandolim/Hermínio Bello de Carvalho) e bossa moderna (A Voz do Coração, de Celso Fonseca/Ronaldo Bastos). "O repertório é o que mais gosto em meu trabalho. Existe muita música bonita para ser cantada", diz a cantora. A voz de Thalma não tem muita potência, mas suas interpretações são marcadas pelo charme e pela delicadeza. É nesse ponto que se identifica com a cantora e compositora baiana Rosa Passos. Dela, vai cantar Verão no show. "Como João Gilberto, Rosa é doce, sua música tem uma porção de detalhes bons de se ouvir. Isso me atrai. O que me interessa é a essência da boa música". Daí esse bom resultado. Thalma de Freitas. 12 anos. Teatro do Sesc Pompéia (400 lug.). Rua Clélia, 93, Pompéia, em São Paulo, (11) 3871-7700. Sábado, 21h; domingo, 18h. R$ 15.

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