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Atração do Rock in Rio, Jão projeta carreira com desapego a sonoridades

Cantor apresentou a turnê 'Pirata' no último final de semana, no Espaço Unimed, com ingressos esgotados

Por Leonardo Catto
Atualização:

Foram cinco shows feitos pelo cantor Jão em São Paulo na turnê Pirata. Todos com ingressos lotados no Espaço Unimed. No palco, o artista busca entregar a síntese dos trabalhos feitos até então, na mistura de sofrência, amor e - segundo ele - “breguice”. Além dos shows (ele se apresenta no Palco Sunset do Rock in Rio, no dia 9 de setembro), as ideias já são desenhadas para o próximo trabalho. Antes de subir ao palco no sábado, 20, Jão conversou com a reportagem do Estadão.

O cantor Jão está em turnê do álbum 'Pirata' Foto: Breno Galtier

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Para o cantor, o momento de apresentar as músicas ao público é o auge e a prioridade da carreira. “Tudo que eu faço, qualquer passo, música ou disco lançado, é uma estratégia para o show crescer e contar melhor minha história. O que eu quero é que meus shows sejam cada vez mais gigantescos e mais espalhafatosos”, conta. Não é para menos. Nas apresentações, um navio acompanha a banda no palco e faz parte da performance. Em um dos momentos mais apreciados pelos fãs, há “chuva” sobre Jão. “É o que eu acho que sou melhor fazendo. Eu só estou me divertindo.”

Ainda restam, pelo menos, 18 datas para cumprir o roteiro da turnê. Porém, um novo trabalho está à vista. “Já tenho um esqueleto muito pronto do próximo passo. Não me prendo muito na sonoridade -vou fazer o que for casar com o que eu quero dizer. Estou escrevendo muito a minha vida. Meus álbuns são muito documentais, sobre o que estou vivendo”, define Jão, que projeta mudanças: “O novo álbum vai ser bem diferente. Pirata foi uma transição para mim e o próximo disco tende a ser uma vertente mais reinventada”. Ainda não há previsão de lançamento.

Emotivo e ‘brega’

Uma certeza é que o próximo trabalho será de novo uma expressão do coração de Jão, que tem como máxima: “nada valeria tanto se eu não tivesse sido muito honesto com meu trabalho”. E essa honestidade está, para ele, em tratar a música como reflexo bruto dos sentimentos. No show na capital paulista, o cantor recebeu de um fã um coração de pelúcia com braços abertos e onde estava escrito: “te amo um tantão assim”. A resposta, de cima do palco, foi: “brega e bonito, como eu gosto”.

Jão durante show no Espaço Unimed, em São Paulo Foto: Breno Galtier

“Quando comecei a escrever, percebi as pessoas falando: ‘nossa, ele é dramático’. Eu não tinha noção de que eu era dramático. Fui aprendendo isso, então tento polir mais do que colocar”, explica ele ao atribuir o sentimentalismo à criação pela família que fala abertamente sobre emoções e ao signo de Escorpião. Seguindo estrelas ou não, essa é a rota que levou Jão aos mais de 100 milhões de streams no Spotify em Pirata. Antes, a marca já havia sido superada em Lobos (2018) e Anti-herói (2019).

Representatividade

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Sendo ouvido por tanta gente, Jão tem consciência do espaço que ocupa. Ele abdica dos estereótipos de “machão” e trata a masculinidade - na vida e na música - como algo em desconstrução: “Tento fazer o melhor, o que nem todo homem faz. Venho adquirindo uma responsabilidade de público. Eu era, ‘vou fazer meu trabalho e quem quiser ouvir ouve’. E hoje tenho uma percepção muito maior disso, o quão responsável sou por aquilo que falo e o que represento”.

Avaliação

Os cinco shows em São Paulo da turnê Pirata são mais que o dobro do que foi feito em Anti-herói, quando Jão se apresentou duas vezes na capital. O cantor também se considera mudado nessa tour e afirma que aproveita mais o momento. “Eu sempre assimilava as coisas muito mais para frente e sempre briguei comigo mesmo por isso. Dessa vez, acredito que estou conseguindo entender e me divertir nos shows”, diz ao confessar que ainda encara a grande recepção dos fãs com surpresa.

Os próximos compromissos são no norte do País, em Belém (PA) e Manaus (AM). Depois, Jão vai para o Rock in Rio. A turnê ainda passa pelo sul, nordeste e interior paulista, além de mais um show na capital no festival Arena Brasileira, em dezembro.

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