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Arto Lindsay faz show de CD inédito

De surpresa, após uma turnê pela Europa, ele desembarca nesta quinta-feira, no Sesc, apresentando Invoke CD que só será lançado no Brasil, pela Trama, em janeiro

Por Agencia Estado
Atualização:

Considerado pela crítica americana como um dos nomes-chave da chamada "vanguarda nova-iorquina" (ao lado de John Zorn, John Lurie, Marc Ribot e Bill Frisell), o músico Arto Lindsay não tocava no Brasil havia cinco anos - a última vez foi numa das edições do Heineken Concerts. De surpresa, após uma turnê pela Europa (tocou há alguns dias na França, Itália, Suíça, Alemanha, Macedônia, Bélgica, Espanha, entre outros países), ele desembarca amanhã(07) no Sesc no projeto Ares e Pensares. Está apresentando um disco novo, "Invoke" (Righteous Babe Records), que só será lançado no Brasil, pela Trama, em janeiro. "Invoke", base do show de amanhã, tem duas faixas com participações especiais (de Nação Zumbi e a banda nova-iorquina Animal Collective, em "Predigo" e "In the City That Reads"). Parte do disco foi gravado no Rio de Janeiro, nos estúdios Mono e Lá Embaixo - com os produtores Kassin e Berna Ceppas e o guitarrista Davi Moraes -, e parte no Recife (Fabrica) e Salvador (Ilha dos Sapos). "O restante eu fiz no meu apê em Nova York; comprei um computador e montei um estúdio no quarto", contou Arto, ontem(05) em São Paulo. "Cantei lá no armário mesmo, mas não é low-tech; pelo contrário, tem uma eletrônica do porte da que poderia ter sido usada num grande estúdio", explicou. Arto toca acompanhado de sua banda, que tem Juninho Costa na guitarra, Micah Gaugh nos teclados e no saxofone e Melvin Gibbs no baixo e computador. Nada de bateria. Gibbs "pilota" um programa especial de computador, o Live, que é mais comumente usado por DJs. O show foi testado em cenários importantes da música alternativa, como o festival Sonar, de Barcelona. O som de Arto Lindsay não é catalogável nos limites estritos dos movimentos musicais de determinadas épocas. No final dos anos 70, o mítico crítico Lester Bangs escreveu, a propósito de sua estréia no quarteto No New York (produzido por Brian Eno): "Um barulho horrível." De lá para cá, Lindsay mudou um pouco. Em "Invoke", ele é meio bossa em algumas faixas, como "Ultra Privileged" (em parceria com Andres Levin), um tanto trip hop em outras, como "Over/Run" (também com Levin) e a música-título, "Invoke" (com Melvin Gibbs). Com a participação de um grupo de rock nova-iorquino, o Animal Collective, poderíamos pensar que ele está indo na direção do garage rock da nova safra. Nem perto disso. "O Animal Collective é rock, mas experimental, bem diferente desse som Strokes da moda", ele afirma. Há uma composição de Marisa Monte e do guitarrista Cesar Mendes (em parceria com Arto) no disco, "Delegada". "Quando os vigias do Rio/ Todos já dormem/ A gata espia sozinha/ A noite a passar/ É linda e alegre/ Sem deixar de ser dengosa", diz a letra. Também tem uma canção de Lucas Santana, "Uma". "Só criaram uma/ Criaram uma só/ Esse ser particular/ Único no Olhar/ Único no andar/ Nu, puro singular/ Onde não tinha, há." "Durante o show, há momentos dramáticos, quando o som viaja, e outros mais sutis, com ambiências musicais", conta Arto. Apesar de um conceito que nasce do computador, ele não diz que não é "um concerto submisso à máquina". Melvin Gibbs usa o computador, explica, como se fosse um daqueles Hammonds antigos. "A gente manipula as programações de modo a dar mais o gosto do humano, para não ficar tão frio." É preciso dar um pouco mais de funk, de suingue à música sintética, ele considera. Produtor de obras como "Circuladô" e "O Estrangeiro" de Caetano Veloso; "O Sorriso do Gato de Alice", de Gal Costa; e "Before We Were Born", de Bill Frisell, Arto Lindsay conta que adorou trabalhar com o baixista e produtor carioca Kassin, um dos nomes decisivos na formatação da nova MPB - ele é um dos parceiros de Moreno Veloso no grupo Moreno + 2. No ano que vem, o trio lança o disco "Domenico + 2", pièce de résistance do terceiro nome do grupo, o tecladista Domenico. Arto Lindsay tem sido, a despeito das avaliações díspares sobre seu trabalho-solo, um músico de presença determinante na cena musical. Desde os anos 80, quando integrou os grupos Lounge Lizards e Golden Palominos, até suas parcerias com Laurie Anderson e David Byrne - para quem produziu peças-chave do selo Luaka Bop. Serviço - Arto Lindsay. Amanhã (07) e sexta, às 21 horas. De R$ 7 a R$ 20. Sesc Pompéia. Rua Clélia, 93, São Paulo, tel. 3871-7700

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