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Aragão opta pelo sucesso comprovado

É a velha política de não correr riscos. De espremer até o bagaço aquilo que vem dando resultado financeiro bacaninha. Este é o terceiro disco de Jorge Aragão sem músicas novas

Por Agencia Estado
Atualização:

Claro que é bom. Com esse compositor, também ótimo cantor, com esses convidados, com esse repertório - mas seria necessário? Desde que Jorge Aragão explodiu para o sucesso popular como intérprete, no fim dos anos 90, a gravadora Indie Records vem fazendo um curioso trabalho de não permitir que o compositor apresente novas composições. É a velha política de não correr riscos. De espremer até o bagaço aquilo que vem dando resultado financeiro bacaninha. Esse Ao Vivo Convida é o terceiro disco consecutivo de Jorge Aragão sem músicas novas. Traz até curiosidades históricas - a participação de Elza Soares em Malandro, por exemplo. Foi com essa música, uma parceria com Jotabê, que Jorge Aragão despontou como compositor, em 1977, por causa da gravação, pois é, de Elza Soares. Convidados nobres são muitos - Leci Brandão, Fundo de Quintal, Beth Carvalho, Martinho da Vila, Alcione, Zeca Pagodinho e até Emílio Santiago, nome menos ligado ao samba, mais próximo daquilo que a indústria chama de easy listening music, música de audição fácil, à qual não se precisa dar muita atenção. Mas Emílio é um grande cantor e vai muito bem em Espelhos d´Água. Agora, por que incluir nesse universo, no mundo desse autor, nesse grupo de convidados, o moço Jorge Vercilo, cujo grande cacife é ter sempre música em novelas da Globo? A velha história de misturar os alhos e os bugalhos. Vercilo, que tem obra própria, é grande vendedor de discos. Será estratégia para fazer Jorge Aragão vender ainda mais? É só o que explica a convocação, que, de resto, embola o meio de campo, atrapalha o ataque, confunde a defesa. O samba precisa de músicas novas de Jorge Aragão, não firulas para a torcida. Sai dessa, companheiro.

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