Aracy de Almeida recebe homenagem no Sesc Pinheiros

Fernanda Porto, Letícia Coura, Ná Ozzetti e Virgínia Rosa cantam músicas de Noel Rosa, compositor que teve Aracy como uma das principais intérpretes

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Por Agencia Estado
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Considerada uma das principais intérpretes de Noel Rosa, Aracy de Almeida é homenageada no Sesc Pinheiros, em São Paulo, sábado e domingo, dentro do projeto Viva Noel Rosa. O evento, como um todo, presta tributo ao compositor às vésperas dos 70 anos de sua morte. O repertório de Noel, todo ele cantado por Aracy, será relembrado pelas cantoras Fernanda Porto, Letícia Coura, Ná Ozzetti e Virgínia Rosa. O músico Mario Manga, que assina a direção musical do projeto, explica que a escolha do quarteto se valeu mais pela diversidade de estilo de cada uma do que pela relação que elas mantêm com Noel ou Aracy. "Todas têm bagagem musical. A idéia era que fossem ótimas cantoras e tivessem a ver um pouco com a descontração de Aracy", conta Manga. À Ná Ozzetti, dona de um "jeito tímido, mas de uma alegria contida pronta para sair", descreve o diretor musical, foram reservadas Três Apitos, Botequim, Pra Que Mentir e Pela Décima Vez. Virgínia Rosa, "mais solta, brejeira", interpretará Fita Amarela, Feitiço da Vila, Pierrô Apaixonado, Com que Roupa?. Canções como Último Desejo, Nunca Jamais e Mulher Indigesta ganharão versão na voz de uma "mais teatral" Letícia. Já Fernanda, talvez a mais diferente por causa de seu flerte com a eletrônica, ficou com Feitio de Oração e Palpite Infeliz, além de duas músicas relacionadas ao universo de Aracy: Fez Bobagem, de Assis Valente (sucesso marcante na voz dela) e A Voz do Morto. Composta por Caetano Veloso para ela, fala justamente da relação que se criou entre a voz de Aracy e a obra de Noel. A letra traduz ainda um pouco a persona Aracy: "Ninguém me salva/Ninguém me engana/Eu sou alegre/Eu sou cigana/Eu sou terrível/Eu sou do samba", traz um trecho. Mesmo depois da morte do compositor, ela continuou a cantar Noel e, de certa forma, ajudou sua obra não cair no esquecimento. Aracy e Noel Para Manga, esta também é uma oportunidade de muitos conhecerem a importância da Aracy cantora. "No final da vida, ela ficou marcada na mídia como jurada desbocada. Mas muita gente não sabia a grande intérprete que ela era, e não só de Noel Rosa." Conta a história que Aracy e Noel se conheceram em 1934, na Taberna da Glória. Ele mostrou à desconhecida cantora o que viria a ser sua primeira gravação, Riso de Criança. Não se desgrudaram mais. Aracy descreveu certa vez: "Apesar da pouca idade, achava Noel um fenômeno. Passei a andar atrás dele porque estava interessada em aparecer - quando você tem pouca idade acredita nessas besteiras. Ele pegava da viola e eu cantava, em casas suspeitas, atrás do Mangue, no baixo meretrício. Sua voz era fraca e ele estava a fim daquelas mulatas. Os dias em que convivi com Noel nesta terra foram dias muito engraçados." Homenagem a Aracy de Almeida. Teatro do Sesc Pinheiros (1.010 lug.). Rua Paes Leme, 195, 3095-9400. Sáb., 21 horas; dom., 18 horas. R$ 10 a R$ 20.C

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