
30 de setembro de 2018 | 08h23
Angela Maria reencontrou seu "marido musical". A cantora, que morreu na noite deste sábado, 29, aos 89 anos, foi enterrada ao lado do também cantor Cauby Peixoto, que partiu dois anos antes, em 2016. A informação foi dada pelo marido dela, Daniel D'Angelo, ao portal G1.
O velório teve início por volta das 10h deste domingo, 30, e o enterro, realizado às 16h20, no Cemitério Congonhas. O enterro ocorreu sob cantos e palmas para a rainha do rádio. Vários artistas lamentaram a morte de Angela Maria e prestaram homenagens à cantora.
De acordo com informações da unidade do Itaim Bibi do Hospital Sancta Maggiore, onde a artista estava internada desde o final de agosto por causa de uma infecção generalizada, ela não resistiu a uma parada cardíaca.
Conta D'Angelo que, em 25 de agosto, Angela teve um mal-estar e ele tentou levá-la ao hospital, algo que foi recusado pela cantora, de pronto. Acabou convencida a ir. Lá se constatou que ela tinha uma infecção abdominal que cresceu, tomou conta dos outros órgãos. Por fim, teve ainda dois AVCs. Ao todo, foram 34 dias no hospital.
Nascida em Conceição de Macabu, no Rio de Janeiro, Abelim Maria da Cunha assumiu o nome artístico de Angela Maria e começou a carreira de cantora aos 19 anos, em 1947. Gravou dezenas de sucessos e ganhou o título de "Rainha do Rádio", graças a eleição na edição de 1954 do tradicional concurso criado pela Associação Brasileira de Rádio. A intérprete se notabilizou como uma representante do gênero samba-canção, que surgiu no Brasil nos anos 1930.
Leia a análise de Julio Maria sobre a carreira de Angela Maria
O último álbum de estúdio da artista foi "Angela Maria e as Canções de Roberto & Erasmo", lançado em 2017, pela gravadora Biscoito Fino. Ao longo da carreira, a cantora promoveu parcerias com Roberto Carlos, Gal Costa, Caetano Veloso, Agnaldo Timóteo, Alcione, Cauby Peixoto, Fafá de Belém, Ney Matogrosso, entre outros. Foi candidata a vereadora da cidade de São Paulo na eleição municipal de 2012, pelo PTB, mas não se elegeu.
O jornalista Rodrigo Faour lançou em 2015 um livro biográfico da cantora, intitulado "Angela Maria: A Eterna Cantora do Brasil", do Grupo Editoral Record. A obra retrata os anos de dificuldade financeira que Angela Maria passou com a família durante a infância dela e a dificuldade de vencer a resistência dos pais à carreira de cantora. A biografia também relata como a artista, que chegou a ter o maior salário do Rádio nos 1950, conseguiu se manter relevante nas décadas seguintes, apesar dos modismos musicais de cada época.
Ícones musiciais da MPB, como Elza Soares e Alcione, usaram as redes sociais para lamentar a morte da companheira de palcos:
Uma das maiores vozes do Brasil. Salva de palmas para essa rainha do rádio que infelizmente acaba de sair de cena. Brilhe nos palcos do céu, minha querida.
R.I.P Angela Maria #RIPAngelaMaria — Elza Soares (@ElzaSoares) 30 de setembro de 2018
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