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Ann Dyer canta Beatles para platéia de jazzistas

Por Agencia Estado
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A voz lembra a de Nina Simone, mas ela se sente mais próxima de Billie Holiday e Nancy Wilson. A cantora americana Ann Dyer, maior atração vocal do Chivas Jazz Festival, no dia 8, no Directv Music Hall, faz furor no circuito jazzístico de São Francisco cantando... Beatles. Isso mesmo, Beatles! Desde Stanley Jordan que alguém não fazia uma leitura tão particular de Eleanor Rigby. E não é só: Ann Dyer arriscou-se a cantar um disco inteiro dos Beatles, Revolver (1966). "Ann Dyer não é só emocionalmente autêntica, ela é reveladora", escreveu um crítico da revista Down Beat. "Dyer transcende a arte conceitual para nos levar diretamente ao conhecimento de si mesma", escreveu outro crítico, no Chicago Sun Times. "Eu não fiz um plano de gravar um álbum com canções dos Beatles, foi meio acidental", confessa Ann Dyer, em entrevista por telefone, de São Francisco. "Se eu tivesse pensado, talvez tivesse escolhido Sargeant Peppers, mas fiquei contente por ter escolhido Revolver", ela diz. As razões são duas, na opinião da cantora: Revolver é mais simples, ao mesmo tempo que é "magnífico". Sargeant Peppers é mais produzido, elaborado para causar impacto. "Descoberta" pela crítica no San Francisco Jazz Festival de 1998, Ann Dyer assinou contrato recentemente com a Premonition Records para fazer o álbum Revolver. Mas já trabalha num próximo disco, que poderá ser baseado no romance Do Amor e Outros Demônios, de Gabriel García Márquez. "Penso em algo que possa ser uma continuação do espírito de Eleanor Rigby", ela diz. "Fazer o álbum foi bom, mas sinto necessidade agora de uma série de canções mais esparsas, um projeto menos compacto", afirma. Ann Dyer não estudou música em conservatório, à maneira ocidental. "Estudei música clássica indiana na própria Índia, um pouco influenciada por experiências de Miles Davis e John Coltrane", diz. Ela vê algumas diferenças básicas entre uma e outra escola, destacando especialmente a técnica. "A música indiana é uma prática espiritual, é mais oração que performance", salienta. "O problema é que as aulas podem ser um tanto duras", observa, rindo. Ann Dyer vem para o Chivas Jazz Festival com sua banda, cujo nome, traduzido, fica assim: Tempo ruim para fadas. "Vou tocar coisas novas, as músicas de Revolver e talvez algum standard de música brasileira", conta. Ela acaba de fazer alguns shows com abertura de uma brasileira "exilada", Cláudia Vilella, que mora há 15 anos nos Estados Unidos e canta no circuito underground.

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