01 de dezembro de 2016 | 06h00
Não ouvi Mick Jagger cantar Blue and Lonesome, um clássico eternizado por Little Walter, aos 20 e poucos anos, nos pequenos clubes pelos quais os Rolling Stones faziam covers no início de carreira. E isso não é preciso para saber que a versão de 2016, aos 73 anos, é infinitamente melhor do que aquela com cordas vocais jovens.
Afinal, é a fragilidade de um homem mais próximo do fim do que do começo que transforma o blues de Walter e de tantos outros que integram o disco Blue & Lonesome em algo especial. Vivência e dores guardadas temperam canções que, sem isso, seriam insossas. O blues sempre precisou vir da alma do músico para respirar.
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De forma professoral, os Stones passaram por lados B de grandes nomes do gênero com maestria. Se tropeçam, é pela escolha de algumas músicas, como Just Your Fool. Mas, quando acertam, caso de Blue and Lonesome e All of Your Love, é para provar que o blues sempre esteve com a banda – e estava só esperando a hora certa de vir à tona de forma descarada.
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