A ópera O Cavaleiro da Rosa, de Richard Strauss, narra as peripécias do jovem Octavian, amante da Marechala mas encantado por Sophie, prometida ao Barão Ochs, que por sua vez tenta conquistar a empregada Mariandel (ninguém menos que Octavian travestido de mulher, disfarce a que recorre no momento em que quase é surpreendido no quarto da marechala).
A história e a música escrita por Strauss remetem às comédias do século 18, mas, compondo no início dos anos 1910, ele estava também falando de temas do momento, como o desejo e a passagem do tempo – um tempo que se reflete no drama individual das personagens mas também evoca uma sociedade naquele instante suspensa entre uma tradição que morria e um novo mundo.
Revelar este aspecto – e os pontos de contato que ele sugere com o mundo de hoje – é a intenção do diretor Pablo Maritano em sua concepção da obra. E ele o faz por meio de cenários (Italo Grassi) que recriam a atmosfera do início do século ao mesmo tempo em que refletem, por meio de espelhos, o teatro e o público.
O ponto alto, no entanto, está na direção dos cantores, nos quais se destacou a mezzo soprano Luisa Francesconi como Octavian, seguida pelas sopranos Carla Holm (Marechala) e Elena Gorshunova (Sophie), revelando com profundidade as camadas múltiplas das personagens.
Mas foi decepcionante a atuação do baixo Dirk Aleschus como Ochs, perdido cenicamente e, em boa parte da ópera, inaudível. Entre o elenco de apoio, destaque para o Valzacchi e Paulo Queiroz e a Annina de Magda Painno.