Das cinzas do Creed, o guitarrista Mark Tremonti, o baixista Brian Marshal e o baterista Scott Phillips encontraram um bom motivo para sorrir – sem precisar ficar ouvir as lamúrias musicais de Scott Stap, o vocalista da antiga banda do trio. A partir de 2004, os músicos norte-americanos se juntaram com Myles Kennedy, um conhecido dos brasileiros que já o ouviram cantar nas turnês solo do guitarrista Slash, do Guns N’ Roses, e fundaram o Alter Bridge, um grupo que nunca foi o único trabalho do quarteto, mas que ao longo de pouco mais de uma década, construiu uma discografia consistente.
O Alter Bridge soube encontrar o ponto de equilíbrio entre o heavy metal e o rock clássico. Tudo gira em torno de um embate, a guitarra furiosa de Tremonti – que com a banda pode mostrar o talento sublimado nos tempos de Creed) duela constantemente com os agudos e as harmonias vocais de Kennedy.
Em sua primeira turnê pelo Brasil, a banda encontrará diferentes tipos de público. Em Curitiba, no dia 19, a banda fará a abertura para a noite comandada pela inglesa The Cult – um grupo que brinca com uma sonoridade estranha e gótica, com o metal e o hard rock. Na sequência, eles seguem para São Paulo, em 21 de setembro, como atração inicial da noite de São Paulo Trip. Depois deles, tocam a mesma The Cult e o The Who. Por fim, a turnê brasileira chega ao fim com o Rock in Rio, no dia seguinte, quando eles dividirão o principal palco do festival com Tears for Fears e Bon Jovi.
Sobre qual das duas bandas, The Who ou Bon Jovi, vem a maior referência, Kennedy é político. “É claro que o The Who é uma das bandas que criou o rock que conhecemos. Eles são os arquitetos, entende? O Bon Jovi, por sua vez, é uma banda que explodiu quando eu era jovem. Então eles foram uma inspiração também.”
Kennedy tem, na trajetória, a fama de atrair grandes músicos para aliar à sua voz. Além de Tremonti, que é um guitar hero das antigas, ele cantou ao lado do já citado Slash e, veja só, Jimmy Page – em um projeto no qual participavam outros integrantes do Led Zeppelin, John Paul Jones e Jason Bonham (filho do baterista original John), mas cujo material gravado jamais saiu.
Com o Alter Bridge, Kennedy vive seu momento mais politizado. O disco, The Last Hero, lançado em 2016, foi criado em meio ao debate político aflorado nos Estados Unidos que culminou com a eleição de Donald Trump, em novembro do ano passado. “Não quis que fosse um disco político, mas era inevitável”, diz ele. “Estava ao nosso redor.”