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Altamiro Carrilho homenageia 125 anos de choro

Flautista convoca chorões para espetáculo no Teatro Municipal com participação dos Demônios da Garoa e Jane Duboc, entre outros convidados

Por Agencia Estado
Atualização:

Se depender de Altamiro Carrilho, o nosso chorinho resistirá à constante depreciação que tem afetado vários gêneros da música popular brasileira. Há cinco meses, ele prepara o espetáculo de comemoração de 125 anos de chorinho, ao lado do produtor musical, Glauber Amaral. Em única apresentação, sábado, o flautista reúne nomes e obras importantes desse gênero no Teatro Municipal de São Paulo, às 21 horas. "O choro é nosso primeiro ritmo popular e merece receber a sua devida importância", afirma o instrumentista. "Acho que esse concerto serve como um grande empurrão para o nosso chorinho, ele que já é consagrado no exterior, e está, a cada dia, voltando a ser uma grande tendência musical", explica. "Os chorões de hoje estão mais unidos do que nunca." Altamiro manteve-se no gênero, convictamente, quando quase todos o abandonaram, entre os anos 60 e 70. Para a comemoração de 125 anos do gênero, o flautista reuniu, além de seu regional (o cavaquinista Maurício Verde, o percussionista Robert Saliba e o violonista Pedro Bastos), oito solistas renomados, os grupos Nosso Choro e Demônios da Garoa e a cantora Jane Duboc. "Para ser chorão, tanto o solista quanto o acompanhador têm de ser mais do que hábeis, têm de ser artistas de primeira qualidade", informa. "Essa turma faz jus aos seus criadores." Altamiro montou um espetáculo composto por 23 composições. A execução ganha muita variação instrumental, em razão do ótimo elenco. Com os bandolinistas Aleh Ferreira, Danilo de Brito, Mário Moret e Luís Nassif, ele tocará Aeroporto do Galeão - música de sua autoria -, entre outras. Já ao lado dos flautistas Toninho Carrasqueira, Álvaro Carrilho e Julie Koidin (primeira flautista da Orquestra Filarmônica de Chicago), ele executa Naquele Tempo, de Pixinguinha. "Será muito bonito ver como a visão do chorão moderno é muito bem elaborada", acredita. "Ouvir a junção bem-feita da base clássica com os estilos e adornos atuais." O seu regional o acampanhará em grande parte dos números entre eles Brasileirinho (Waldir Azevedo) e Tico-Tico no Fubá (Zequinha de Abreu). Foram peças que o consagraram no exterior e no Brasil, como um dos virtuoses no gênero. Uma das exceções será o duo com a pianista Maria Tereza Madeira. Altamiro reservou para esse momento as composições de Chiquinha Gonzaga, Atraente e Corta Jaca. Outra participação muito especial será o encontro com o grupo Demônios da Garoa. "É um ótimo momento para perceber o quanto o samba tem do choro, por ser um herdeiro direto, apesar de ter nascido após 40 anos", informa. Com o conjunto, Altamiro vai interpretar Urubu Malandro, um chorinho de domínio público, e o clássico Trem das Onze, de Adoniran Barbosa, ganha arranjos de choro. Clássicos - O flautista não se esqueceu de Ernesto Nazaré, Jacó do Bandolim e Joaquim Callado. Também não deixou de lado peças clássicas que costuma ler como choro. "Esse é um paralelo que sempre faço, pois, apesar de origens distintas, esse ritmo é tão complexo quanto obra erudita." Ele tocará composições de Ponchielli e Mozart. Altamiro deixou para o fim da noite Carinhoso, de Pixinguinha e Braguinha. A idéia é reunir todos os convidados em cena. Essa bela apresentação será registrada, mas sem data de lançamento do CD, pois ainda não tem gravadora. O espetáculo tem o patrocínio da Serasa Centralização de Serviços de Bancos S.A. Aos 75 anos, ele comemora o 56.º aniversário de uma carreira brilhante. Gravou 103 discos no Brasil e 8 no exterior. "O choro vive um momento privilegiado", conclui. E, assim, continuará, em grande parte por atitudes como a dele. Altamiro Carrilho - Sábado, às 21 horas. De R$ 25,00 a R$ 50,00. Teatro Municipal. Praça Ramos de Azevedo, s/n.º, tel. 222-8698.

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