Álbum inaugura nova fase do Papa Roach

Para o vocalista da banda Jacoby Shaddix, Lovehatetragedy marca o renascimento da banda. Um dos melhores barulhos do ano, o álbum soa agressivo e pesado, mas revela também um tom intimista e um sentido de reflexão musical

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Por Agencia Estado
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Nesta temporada que vê os novos discos de rock espalharem-se como fogo em mato seco - há novos álbuns de Korn, Linkin Park, Red Hot Chili Peppers e Queens of the Stone Age -, chega um que promete elevar ainda mais os decibéis. Trata-se de Lovehatetragedy (Universal), do grupo americano Papa Roach. O vocalista e líder do grupo, Jacoby Shaddix, falou à reportagem por telefone esta semana, ao mesmo tempo em que paparicava um barulhento novo membro da sua família, o filho Mikhail, de três meses. Ele ainda se lembra com alegria da apresentação que o grupo fez no ano passado no Rock in Rio. "Foi uma experiência inacreditável, tocamos para 200 mil pessoas, um dos grandes momentos da minha vida", afirmou. Formado em 1993 em Vacaville, na Califórnia, o grupo estourou em 2000 com o disco Infest, que os trouxe ao Rock in Rio. Eles flertam com o hip-hop, mas não querem confusão com o mundo do rap. "O rap é unidimensional e nós somos uma banda de rock - quando canto, as palavras têm mais cor", diz Shaddix. Lovehatetragedy foi produzido por Brendan O´Brien, que também produziu discos de Rage Against the Machine e Pearl Jam. Atualmente, eles integram a turnê Anger Management Tour, ao lado do polêmico Eminem. O som é inequivocamente intimista, confissões de ex-viciados. "Estou cansado de fugir/ É hora de encarar meus demônios/ Confissão/ Depressão/ Essa vida de segunda mão", canta Shaddix, em Black Cloud. Por que você aposentou o apelido, Coby Dick? Jacoby Shaddix - Resolvi usar meu nome real. Este disco é uma espécie de renascimento do grupo, estamos fazendo uma nova música, estamos vivendo uma nova fase de amizade. É a mesma velha barulheira, mas há um novo ponto de vista criativo. Usar meu nome de verdade é parte desta nova atitude. Na letra de "M-80", você diz o seguinte: "Eu estou pronto para morrer pelo rock´n´-roll." É verdade isso? É verdade. Viver o rock é como viver uma espécie de sacrifício constante. Eu dou a minha vida diariamente no palco, não há meio-termo nessa entrega. Você também canta "eu não posso mudar o mundo, só posso mudar a mim mesmo". É a tal nova filosofia? É definitivamente uma nova fase. Eu creio que, mudando você mesmo, quando você se torna mais forte e fica uma pessoa melhor, muda também o mundo. O nascimento do meu filho mudou minha perspectiva, passei a apreciar mais a vida em família, viver com intensidade cada segundo, cada dia. Também me levou a tentar ser um bom pai, o que é um desafio. Vocês vieram ao Rock in Rio, no ano passado, indicados pelo Axl Rose em pessoa. Ele praticamente exigiu que trouxessem vocês. Você o conhece? Não. Só o encontrei no backstage de um festival, ele disse "oi" e foi tudo. Mas achei realmente cool que ele nos indicasse, porque é um artista que eu respeito, tem uma fabulosa história de rock. O show do Guns no Rock in Rio foi fantástico, teve a mesma energia de sempre da banda. Adorei o guitarrista, o Buckethead, brincando com os nunchakos. Foi muito divertido. Como foi trabalhar com o Brendan O´Brien, produtor de Pearl Jam e Rage Against the Machine? Foi uma boa experiência. Ele é bom de verdade, um grande fã do rock pesado e conseguiu dar ao nosso disco um som mais trabalhado, polido, sem abrir mão do peso. Um crítico do "New York Post" escreveu que vocês são, em essência, uma "rock band old-fashion de verdade". Isso é uma coisa boa ou ruim? Um disco desperta diferentes opiniões, mas acho que ele está certo. Nós somos "straight hard rock", e nossas influências vêm de Black Sabbath, Guns N´ Roses, Metallica.

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