Alban Berg Quartett volta a SP

Um dos mais prestigiados conjuntos de câmara vem ao País pela quarta vez, fazendo três concertos na cidade, em julho

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Por Agencia Estado
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No início do mês que vem, o público paulistano terá, mais uma vez, a oportunidade de conferir o talento e a arte do Alban Berg Quartett, um dos mais prestigiados conjuntos de câmara em todo o mundo. Pela quarta vez no País, o grupo vai interpretar, em três concertos no Teatro Cultura Artística, peças que, de certa forma, dão indicações a respeito da orientação de seu trabalho, ao longo de 30 anos de história. O programa de apresentações reúne peças de Mendelssohn (Quarteto para Cordas op.13), Beethoven (Quarteto de Cordas em Si Bemol Maior op. 130), Mozart (Quarteto de Cordas em Ré Maior K 499) e Bartók (Quarteto n.º 3 sz 85). O destaque, porém, é a presença do compositor polonês Zbigniew Bargielsky, de quem o grupo interpreta o Quarteto de Cordas. Nascido em 1937, Bargielsky traduziu em suas composições o espírito tradicional polonês. "É um compositor bastante interessante, que tem um estilo diferente, que exige uma seriedade interpretativa muito grande e, ao mesmo tempo, dá ao músico certa liberdade de ação", diz o violista Thomas Kakuska, em entrevista à Agência Estado. Além de Kakuska, compõem o grupo os violinistas Günther Pichler e Gerhard Schulz e o violoncelista Valentin Erben. Juntos desde 1980, eles foram responsáveis pela transformação do quarteto em um dos mais admirados e ativos do mundo. "A relação entre os integrantes do grupo é como qualquer relação entre humanos: tem seus altos e baixos". Nada, no entanto, que dificulte o trabalho. "Estamos juntos para fazer boa música e criar, sempre, o que nos aproxima bastante". A boa relação entre eles acaba descendo do palco e atingindo o público, com quem o grupo procura, sempre, se identificar. "Sentir a presença das pessoas é muito gostoso, uma experiência maravilhosa, que nos faz buscar dar o melhor possível". Discos Mas não é só ao vivo que o quarteto tem conquistado a simpatia dos fãs. Um dos grupos com maior número de gravações, da Telefunken à atual EMI, o Alban Berg Quartett tem em sua discografia mais de 60 obras, que exploram tanto o repertório tradicional quanto contemporâneo. "Para gravar é preciso muito concentração", indica Kakuska, para quem as múltiplas possibilidades da gravação constituem a principal justificativa para o ato. "Você pode explorar diferentes e diversificados aspectos, tentando coisas novas e repetindo quantas vezes forem necessárias". A falta de resposta do público, apesar de não incomodar o grupo nesses casos, é um problema que deve ser discutido. "Não é por acaso que, cada vez mais, as empresas estão fazendo gravações de concertos ao vivo". O quarteto tem feito uma série de gravações ao vivo no Carnegie Hall, em Nova York, na Opéra Comique, em Paris, no Queen Elizabeth Hall, de Londres, e no Konzerthaus, de Viena. Dentre as gravações do grupo, tornaram-se referências as suas execuções das íntegras dos quartetos de Beethoven, Brahms, Berg, Webern e Bartók. Os últimos quartetos de Mozart, Schubert e Haydn, assim como os registros de peças de Dvorák, Schumann, Debussy, Von Einem e Haubenstok-Ramati, também merecem destaque. Repertório Baseado em Viena, o Alban Berg tem dedicado grande parte de seu trabalho a compositores contemporâneos. Muitos deles, como Urbanner, Berio, Schnittke e Rihm, aliás, fizeram composições especiais para o grupo. "Conhecer a música contemporânea é fundamental e tivemos sorte de ter nas mãos grandes peças de compositores bastante interessantes". O "desprezo" pelos contemporâneos, segundo Kakuska, não pode ser justificado pela complexidade e pelo menor apelo com o público em geral. "A audiência precisa, de fato, concentrar-se mais, mas temos a obrigação de levar o trabalho desses compositores ao público". Ao lado da atividade de músicos, os integrantes do Alban Berg Quartett desenvolvem uma intensiva carreira acadêmica. São professores da Academia de Música de Viena e do Conservatório de Colônia, na Alemanha, onde substituíram, em 93, os músicos do Quarteto Amadeus. "Em Viena, ensinamos a arte de nossos instrumentos, enquanto em Colônia formamos jovens grupos de câmara". Estilos diferentes de ensino motivados, no entanto, por um só ideal. "É uma grande responsabilidade e procuramos ensinar não apenas a técnica e a disciplina exigidas pelo trabalho do músico, como, também, outros aspectos que envolvem a tarefa de fazer música".

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