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Alaíde e Sueli Costa lançam novos álbuns

Por Agencia Estado
Atualização:

Discos novos de duas das mais talentosas mulheres de toda a música brasileira. Uma delas, imagina-se, é só cantora: um pouco falso. Alaíde Costa compõe muito bem. Mas sua voz é tão excepcional que Alaíde acaba escondendo as composições e canta obras alheias. Um dia gravará, tomara, disco com suas músicas apaixonadíssimas, de paixão tão intensa quanto a que entrega na interpretação do que os outros compõem, tantas vezes pensando nela. Sueli Costa, por seu turno, é quase que só compositora. Quase - pelo menos assim é mais conhecida. Seu canto, porém, traduz como nenhum outro a entrega amorosa, profunda, dorida, comandante de sua composição. Sueli compõe e canta porque é imperativo, fisiológico. Alaíde canta e compõe porque não viveria se não extravasasse o que lhe vai no íntimo, rege a vida. Falando de Amor, de Alaíde Costa, é um lançameno da CID, gravadora pequena do Rio (já foi gravadora de porte médio; como todas as empresas nacionais do ramo fonográfico, foi tragada pela fúria da grande indústria multinacional, mas ainda não desistiu). O disco foi gravado na Europa, há mais de dez anos, por iniciativa do cantor Rolando Faria, da dupla Les Étoiles, com acompanhamento de Toninho do Carmo (violão), Luiz Augusto Cavanni (bateria), Kzam Gama (contrabaixo) e André Dequech (piano). Recebeu prêmios por lá, fez sucesso no Japão, mas não havia sido lançado aqui. Traz Absinto, de Fátima Guedes, Falando de Amor - claro -, de Tom Jobim, Noturna, de Guing e Paulo César Pinheiro, Estrada do Sertão, de João Pernambuco e Hermínio Bello de Carvalho, Amor É Outra Coisa, de Sueli Costa e Abel Silva. Você não ouvirá essas canções como cantadas por Alaíde. Se não encontrar nas lojas, peça pelo e-mail vander@vetor.com.br. Minha Arte é o nome do disco de Sueli, que estava sem gravar há muito tempo, desde que sofreu boicote da editora musical do sistema Globo: ousou reclamar direitos; entrou no índex - coisa negada, mas indiscutível - e os próprios intérpretes ficaram com medo de registrar suas lindas canções. As exceções foram Maria Bethânia e Fátima Guedes. Caráter é isso. Minha Arte foi feito como brinde da Comgás, com produção (e iniciativa, uma briga, de fato) de Jaime Alem (o arranjador de Maria Bethânia) e arranjos dele mesmo e de João Carlos Coutinho. Entre os músicos estão os próprios João Carlos, Jaime Alem, Jorge Helder (que faz parte das bandas de Chico Buarque e Caetano Veloso), Márcio Mallard, Bidinho, Zé Carlos Bigorna, Pantico Rocha. Eles estão entre os melhores músicos brasileiros e dão o aval. Naturalmente. Sueli reencontra, em músicas novas e regravações, seus parceiros mais habituais. De Cacaso, que morreu tão precocemente (e hoje se fala nele de novo, por causa de reedição de seu livro de poemas Beijo na Boca), trouxe Senhora de Si e Dona Doninha; de Ana Terra, Insana e Minha Arte, a música que dá título ao CD ("Feliz de quem toca/ Seu mistério tudo ensina/ E diz que é sorte, diz que é sina/ Se num dia aventurado te possui"); de Tite de Lemos, Todos os Lugares ("Freqüentas as minhas mais/ Estranhas fantasias/ E todas as manhãs/ És o meu pão e leite"). E ainda parcerias com Paulo César Pinheiro, Capinã, Fausto Nilo e algumas de Abel Silva - com a regravação, pondo as coisas nos lugares, de Alma, que Simone gravou não tão bem assim: "A minha alma tem/ Um corpo moreno/ Nem sempre sereno/ Nem sempre explosão". Explosão serena e insana da beleza, Sueli é a rainha da canção.

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