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"Aída" ganha superprodução em Belo Horizonte

Uma das mais célebres óperas de Giuseppe Verdi estréia nesta quarta no Palácio das Artes, com direção cênica de Juarez Cabello e regência de Roberto Duarte

Por Agencia Estado
Atualização:

Cento e sessenta pessoas, entre músicos, cantores, bailarinos e figurantes, promovem nesta quarta-feira à noite no Palácio das Artes de Belo Horizonte a estréia de uma nova produção da ópera Aída, de Giuseppe Verdi, no ano em que se lembram os cem anos da morte do célebre compositor italiano. Com direção cênica de Juarez Cabello, a produção conta com o maestro Roberto Duarte como diretor musical e regente, à frente da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, e tem no elenco solistas brasileiros como Sandro Christopher, Regina Elena Mesquita, Jeller Felipe, Eduardo Itaborahy e Patricia Morandini. Aída é uma das mais célebres óperas do repertório italiano - muitos de seus trechos, em especial a Marcha Triunfal da segunda cena do segundo ato, são alguns dos favoritos do público, já tendo sido utilizados exaustivamente pelo cinema e pela televisão, sob diferentes contextos e situações. "A ópera tem grandes momentos, nela Verdi cria, mais do que nunca, melodias e situações imortais, como as árias ou o início do quarto ato", diz Roberto Duarte. A ópera é bastante complicada de ser montada, o que não se deve apenas à grandiosidade de cenários que precisam recriar o ambiente egípcio. Também em termos musicais, a obra possui dificuldades. "A ópera precisa ser vista como um todo, é um grande teatro com música em que cada cantor deve estar ciente do significado do texto e do modo de cantá-lo, tendo em vista a concepção cênica", diz o maestro. E completa: "Não basta fazer uma montagem musicalmente correta, se, em termos cênicos, houver deficiências. Verdi faz a música participar de modo direto da ação, ela é parte do desenvolvimento da cena e todo detalhe, portanto, precisa ser coordenado em cima da música." No centro da trama está um conflito político e outro pessoal. Aída ama Radamés que, por sua vez, ama sua pátria, inimiga da pátria de sua amada, a Etiópia. A filha do trono egípcio, Amneris, ama Radamés e vê em Aída, sua escrava, mais do que uma rival em termos amorosos, mas também no âmbito social: as duas são princesas - Aída é filha do rei etíope Amonasro, que não mede esforços e usa a própria filha para vencer a guerra contra os egípcios. "Além de toda dificuldade técnica, Aída exige da soprano um poder interpretativo muito grande, não é uma personagem estática, vai da alegria à tristeza com muita facilidade, está presa entre o amor pelo pai e por Radamés", diz Patricia Morandini, soprano brasileira radicada na Itália, que faz o papel-título da história. O tenor Eduardo Itaborahy, que interpreta Radamés, descreve Aída como um exemplo perfeito de requinte musical e de escrita bem feita. "Radamés é um personagem heróico, intenso, que exige um tenor de voz às vezes metálica, para sobrepor-se à orquestra. Isso sem perder o romantismo", afirma. Regina Elena Mesquita, que será Amneris, declara: "Gosto das vilãs, tenho certa fascinação pelo mal." Sandro Christopher, no papel de Amonasro, diz que seu personagem precisa ser cantado de modo cruel, pois é um pai que provoca sofrimento na própria filha."

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