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Adriana Calcanhotto apresenta 'Maré' nos palcos de SP

Após passar por Portugal e Argentina, cantora chega ao País com 1.ª trabalho 'adulto' depois de 'Partimpim'

Por Flavia Guerra e de O Estado de S. Paulo
Atualização:

Quando apresentou Maré em Portugal, em maio, Adriana Calcanhotto deixou o Coliseu de Lisboa boquiaberto. Em pleno show, faltou luz e um mal-estar se instalou. Em vez de enfiar a viola no saco, Adriana remou com seu violão até a beira do palco e ali, sob uma parca iluminação de emergência, continuou seu show. Quem pagou (e ficou) para ver não se arrependeu. Em tempos em que pirotecnia é sinônimo de qualidade artística, a essência da voz, e do ofício, de Adriana é prova de que maré vai, maré vem, mas o sal que tempera sua criação permanece.   Veja também: Ouça trecho de 'Teu Nome Mais Secreto', de Adriana Calcanhotto    E é esta essência que a ‘cantautora’ traz aos palcos brasileiros, depois de passar, por Portugal e Argentina. Primeiro trabalho ‘adulto’ de Adriana depois de Partimpim, Maré também marca a volta à sua ‘trilogia das águas’ (que começou em 1998 com Maritmo). Em tons de azul ora celestes ora melancólicos, resgata a toada marítima por meio do olhar de autores como Antônio Cícero, Augusto de Campos, Caetano e Ferreira Goulart, Caymmi e o inesquecível Waly Salomão, para quem dedica o CD. "Não saberia explicar o que é dedicar Maré a Waly. Sei apenas que trocaria tudo por um pouquinho mais dele por aqui."   Bethânia diz ‘que dentro do mar tem rio’. Por teu mar de criação, quantos rios passaram no intervalo entre Maritmo e Maré? Onde foi dar este rio de inspiração, que trouxe o não tão solar Cantada, o delicioso Partimpim e Maré?   Muita coisa aconteceu nesses dez anos. A maior foi ler os ‘autores de mar’ e, para usar uma palavra óbvia, mergulhar nesse universo. Aconteceu paralelo ao Partimpim e a tudo o que fui inventando. E quanto mais gosto de ler esses autores, mais gosto de gostar.   Por que o mar? Já que é uma metáfora clássica da vida, qual sua relação de infância, fascínio, (des)harmonia com o ‘mar salgado’ da natureza?   Primeiro por isso mesmo. É uma metáfora da vida. Quando se está no mar, não se tem certeza de coisa alguma, exatamente como na vida. Minha relação com o mar é de contemplação, que não posso chamar de silenciosa, já que fiz dois álbuns a respeito, mas de fascínio. O mar é, para mim, altamente situante. Diante da imensidão fico pequenina, humaninha. Foi um dos mais fortes motivos para a decisão de viver no Rio, estar perto do mar.   Voltar ao mar, às cíclicas marés, é uma forma de fazer um balanço?   É de certa forma. Como é o segundo de uma trilogia, quer dizer que já não é o primeiro, que já não sou tão jovem, que algum tempo já escorreu e que começo a me despedir. Por isso o Sem Saída, do Augusto de Campos, o Sargaço Mar, do Caymmi...     Adriana Calcanhotto. Citibank Hall (1.450 lug.). Avenida dos Jamaris, 213, Moema, tel. 6846-6040. 6.ª e sáb., 22 h; dom., 20 h. De R$ 60 a R$ 120UF

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