Acusador de Jackson descreve supostos abusos

Menino de 15 anos que acusa o astro de abuso sexual descreveu noite que começou com jogos de videogame e terminou na cama do cantor Veja a galeria

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Por Agencia Estado
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Num testemunho algumas vezes silencioso, outras com resmungos, o acusador de Michael Jackson descreveu a noite que passou no rancho Neverland e que teria começado com jogos de videogames e terminado na cama do cantor. O garoto, de 15 anos, disse aos jurados ontem que Jackson, naquela noite, perguntou se ele já havia se acariciado e se ofereceu para "fazer por mim". "Ele disse que se os homens não se masturbarem eles podem chegar ao ponto de estuprarem uma garota ou então ficarem instáveis", disse o garoto sobre Jackson, que estava no tribunal. Jackson, de pijamas, chinelos e paletó, chegou à corte com mais de uma hora de atraso devido a uma viagem a um hospital para que ele se tratasse de um problema na coluna causado por uma queda, de acordo com seus advogados. O juiz ameaçou prender o astro e confiscar a fiança de US$ 3 milhões caso ele não se apresentasse. "Ele está com problemas na coluna. Ele não está intimidado em ficar frente a frente com o acusador", disse Raymone Bain, porta-voz do cantor. A corte vai cuidar de assuntos pendentes hoje e retomar os depoimentos segunda. No questionamento feito pelo promotor Tom Sneddon, o garoto começou seu segundo dia de depoimento descrevendo como ele e Jackson beberam vinho juntos e viram revistas de pornografia. O garoto disse que Jackson abusou dele duas vezes, ambas no quarto do astro. O menino disse que os dois estavam usando pijamas de Jackson. O segundo incidente ocorreu "cerca de um dia depois" do primeiro encontro, ele disse. Na segunda vez, ele disse, ele resistiu à tentativa de Jackson de colocar suas mãos na genitália do cantor. O testemunho do acusador foi diferente ao de seu irmão mais novo, de 14 anos, que disse ter visto os abusos, e não ficou claro se eles estavam falando dos mesmos incidentes. O irmão disse que o garoto e Jackson estavam de cuecas e que o garoto estava dormindo. O advogado de defesa de Jackson, Thomas Mesereau Jr., acusou a testemunha de inventar a história. "Depois que você se encontrou com um advogado, você criou a história de que foi masturbado por Michael Jackson", disse Mesereau. "Não, eu nunca lhe disse nada", disse o garoto, se referindo ao advogado. Ele deixou claro que ele e a família voltaram ao rancho do cantor várias vezes depois de terem se encontrado com os advogados. Mesereau atacou, então, o testemunho do acusador, que teria dito não achar que Jackson o havia ajudado quando ele teve câncer. "Eu não o vi muito", disse o garoto. "Ele era meu melhor amigo no mundo e meu melhor amigo estava me evitando quando eu tive câncer". Mesereau então leu uma lista de coisas que Jackson teria feito pelo garoto: ligar três vezes por semana durante o tratamento de câncer, convidá-lo para ir a Neverland, permitir que a família do garoto se mudasse para a luxuosa propriedade, levá-los de avião para um resort na Flórida, dar-lhe presentes e levá-lo para passear em limusines e num Rolls-Royce. "Eu apenas andei de Rolls-Royce quando fugi de Neverland", disse o garoto. A acusação alega que a família foi mantida presa contra a própria vontade no rancho do cantor para ajudar na reconstrução da imagem do astro, abalada após a exibição do documentário Vivendo com Michael Jackson. Mesereau perguntou se ele achava que Jackson precisava ter feito mais por ele. Ele disse que não, mas que outros o haviam ajudado mais. A sessão foi concluída com Mesereau perguntando ao garoto sobre o processo da família contra a loja J.C. Penney. O advogado disse que o garoto havia afirmou, em um depoimento, ter combinado o que dizer com os advogados. Ele negou. "Eles não nos falaram o que dizer", disse. Jay Leno - Horas antes de o juiz decidir se o apresentador do The Tonight Show Jay Leno poderá fazer piadas sobre o caso de Jackson, o comediante encontrou uma maneira divertida de abordar o assunto, em seu programa de ontem. Leno, que não pode fazer piadas sobre o julgamento por ser uma das testemunhas da defesa, chegou atrasado ao programa em uma limusine preta, vestindo pijamas do personagem Bob Esponja e acompanhado por vários guarda-costas. Um deles segurava um guarda-chuva aberto sobre a cabeça do apresentador, que não falou nada sobre o atraso. Os advogados do apresentador pediram que o juiz o libere da ordem de silêncio. "Eles vão decidir amanhã (hoje) se eu posso contar piadas de Jackson", ele disse à platéia. "Eu não posso contar as piadas, mas posso escrevê-las". Então, como tem feito desde a semana passada, ele chamou outro comediante, Drew Carey, que contou a piada. "Michael Jackson apareceu no tribunal atrasado hoje, usando as calças de seus pijamas", disse Carey. "Querem saber? Encontrem o garoto com a parte de cima do pijama e o teremos outro caso nas nossas mãos".

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