A volta dos Paralamas em disco, shows e DVD

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Por Agencia Estado
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É reconfortante ver Herbert Vianna, vocalista, compositor e guitarrista dos Paralamas do Sucesso, de volta à ativa. De volta ao estúdio, aos ensaios, ao palco, enfim à cena musical. Exceto por algumas falhas de memória, Herbert está bem, incrivelmente bem. Em um dos primeiros shows que a banda realizou em São Paulo, neste mês, o vocalista impressionou. Teve fôlego para conduzir cerca de duas horas de show, cantando em português, inglês e espanhol, e tocando guitarra, sob o olhar de uma platéia eufórica e saudosa dele. O retorno de Herbert à boa e velha rotina é a confirmação de que os Paralamas continuam na estrada. O DVD Longo Caminho, dirigido por Andrucha Waddington, acaba endossando um pouco essa idéia, ao registrar o dia-a-dia de Herbert, João Barone (baterista) e Bi Ribeiro (baixista) em meio a ensaios, gravações, entre outras etapas de realização do novo CD, de mesmo nome. "Em vez de fazer um DVD de música, resolvemos fazer um diário de gravação", comenta Andrucha. Para os fãs da banda, o DVD é um deleite só. Além de um minidocumentário com imagens inéditas, canções do novo trabalho e depoimentos do trio, o menu traz opção de bônus track - os cobiçados extras. Nele, foram incluídos o videoclipe de O Calibre, música de trabalho do álbum, e uma canção antiga, Pingüins, resgatada dos primórdios da banda, dos tempos em que eles ensaiavam na casa da Vovó Ondina (a avó de Bi Ribeiro). A filmagem de Herbert interpretando Pingüins, captada em DV-Cam, foi feita durante um show privado na gravadora EMI, fechado para os familiares e amigos da banda. Outro bônus é a música Flores do Deserto, que oferece o recurso multiângulo. Graças a tal recurso, o espectador pode reeditar o clipe da maneira que quiser, em casa mesmo, já que a filmagem foi realizada com quatro opções de câmera. Assim, é possível focar apenas o Herbert, o Barone ou o Bi Ribeiro. Os depoimentos de Herbert Vianna são um capítulo à parte. Inteligente e ponderado, como sempre, o líder dos Paralamas fala sobre sua recuperação do fatídico acidente, mas também sobre espiritualismo e a forte amizade entre ele, Barone, Bi Ribeiro e José Fortes, empresário do grupo. "Nossa união é do outro lado do mundo. Amo vocês demais", diz ele, em certo momento. Apesar de não aparecer sob os holofotes, Zé Fortes é uma figura imprescindível na trajetória dos Paralamas do Sucesso, como uma espécie de quarto integrante. Empresário da banda desde o início dela, foi de Fortes a idéia de registrar as gravações do novo CD, Longo Caminho. A princípio, sem maiores pretensões. "Quando eles voltaram a ensaiar, o Zé me ligou e achou que seria legal registrar isso. Sem compromisso, começamos a filmar gravações, ensaios, shows", conta Andrucha, amigo há anos dos Paralamas e diretor dos últimos videoclipes da banda. Do registro puro e simples, Zé Fortes partiu para o projeto do DVD. Andrucha implementou a proposta inicial, a de um DVD-álbum, dando tom documental ao trabalho. "Tornou-se um pequeno documentário sobre a gravação do disco e de como era, para eles, estar novamente juntos", explica o diretor. "Era emocionante estar lá no dia-a-dia." Segundo ele, o foco não era a recuperação de Herbert, mesmo que a música faça parte dessa recuperação. No total, contabilizou-se um ano de trabalho, entre 2001 e 2002, e cerca de 30 horas de material bruto. Para as filmagens Andrucha contou com uma equipe enxuta, de cinco a dez pessoas, evitando ao máximo a interferência no ambiente de trabalho - levando em consideração que a presença de uma câmera já é, por si, uma interferência num documentário. As cenas, filmadas em 16 mm e super 8, ocorrem basicamente entre as paredes dos estúdios. "Nosso espaço de trabalho foi limitado, era uma coisa muito fechada", conta ele. Por mais que se deseje, fica difícil que o público encare com distanciamento a recuperação de Herbert Vianna. E o DVD Longo Caminho supre, mesmo sem a intenção, essa curiosidade em se saber como está o Herbert do Paralamas ou o Herbert ídolo. Como evoluiu sua recuperação. O que não tira o mérito de Andrucha de centrar o documentário na banda, como um todo. Pois sem Herbert, os Paralamas do Sucesso não teriam mais graça. Mas sem João Barone e Bi Ribeiro, também não.

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