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"A Valquíria" estréia em Manaus

Primeira encenação da ópera de Wagner no Brasil em quase 50 anos transforma a cidade em ponto de convergência de artistas, jornalistas e produtores de teatro

Por Agencia Estado
Atualização:

O Teatro Amazonas abriga nesta quinta-feira a partir das 20 horas a estréia da montagem da ópera A Valquíria, segunda parte do drama lírico wagneriano O Anel do Nibelungo, principal destaque da 6ª edição do Festival Amazonas de Ópera. Com elenco quase que em sua totalidade nacional (a exceção é a norte-americana Maria Russo, que canta o papel de Brunhilde), a montagem é fruto da concepção cênica do inglês Aidan Lang e musical do maestro Luiz Fernando Malheiro. As expectativas com relação à montagem transformaram Manaus, a partir desta semana, em um ponto de convergência de artistas, jornalistas, produtores e diretores de teatros de todo o Brasil. Trata-se, de fato, da primeira execução da obra no País em quase 50 anos, e a primeira feita por uma companhia brasileira - nas outras ocasiões em que foi levada à cena foi por companhias estrangeiras de passagem pelo País, prática bastante comum na primeira metade do século 20. O conceito único por trás da produção, segundo Lang e Malheiro, é a clareza e a busca por evitar excessos. "O importante é sugerir, por meio dos próprios elementos cênicos e musicais propostos por Wagner, as múltiplas possibilidades de interpretação do drama", diz Lang. No elenco estão o baixo-barítono Lício Bruno (Wotan), a meio-soprano Celine Imbert (Fricka), a soprano Laura de Souza (Sieglinde), o tenor Eduardo Álvares (Siegmund) e o baixo Pepes do Valle (Hunding). O festival deste ano, orçado em pouco mais de R$ 2,5 milhões, também traz boa notícia para os fãs de Carlos Gomes. No dia 18 de maio, estréia uma produção do Condor, última obra do compositor brasileiro, a primeira a trazer a versão integral (na década de 80, foi apresentada uma versão cortada em São Paulo). A ópera narra a história de amor entre Odaléa, rainha da Samarcanda (interpretada pela mezzo Celine Imbert) e o nômade Condor (o tenor Fernando Portari), condenada pela população que não aceita um plebeu ao lado de sua rainha. A montagem será dirigida pelo alemão Bruno Berger-Gorski e a regência está a cargo também de Malheiro, que adiciona mais uma à sua série de execuções de obras de Carlos Gomes, iniciada na década de 90 na Bulgária. O elenco é completado pela soprano Solange Siquerolli (Adin), a meio-soprano Mariana Cioromilla (Zuleida), o baixo José Gallisa (Almazor) e o barítono Josenor Rocha (Mufti). Serão apresentadas ainda mais duas produções. Uma delas é a remontagem de Zap! O Resumo da Ópera, espetáculo em que Marcelo Tas apresenta ao público, de modo bastante descontraído, os conceitos da ópera e um pouco de sua história, passando pelos tipos de vozes e repertórios. O espetáculo será feito no Teatro da Instalação, inaugurado no ano passado com uma montagem da Ópera dos Três Vinténs, da dupla Weill/Brecht. Por fim, o barítono Paulo Szot volta a encarnar o conquistador Don Giovanni em uma nova produção da ópera de Mozart assinada por Iacov Hillel. Sob regência de Marcelo de Jesus (que no ano passado fez sua estréia como regente de ópera em Manaus dirigindo A Flauta Mágica, também de Mozart), o elenco é composto também pelo barítono Sandro Christopher (Leporello), as sopranos Adélia Issa (Donna Anna) e Rosana Lamosa (Donna Elvira), o tenor Luciano Botelho (Don Otavio), a meio-soprano Magda Painno (Zerlina), o barítono Eduardo Amir (Masetto) e o baixo Pepes do Valle (Commendatore). A concepção de Hillel atualiza a trama que, segundo ele, "não tem nenhum aspecto local ou temporal", o que o fez optar pela utilização de "figurinos contemporâneos e cenários funcionais que apenas sugerem os locais de ação".

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