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A prévia do primeiro disco do novo milênio

Os meninos começam a gravar o CD Umdoumdoum, aos cinco minutos do dia primeiro de janeiro, no estúdio XRPM - e querem entrar para o Guiness como os primeiros a gravar no século 21

Por Agencia Estado
Atualização:

Qual é o seu programa para os primeiros minutos do próximo milênio? Se vale a sugestão, tente ir assistir à gravação do CD Umdoumdoum, de Élio Camalle, Kléber Albuquerque, Luiz Gayotto e Madan. Os meninos começam a gravar aos cinco minutos do dia primeiro de janeiro, no estúdio XRPM - e querem entrar para o Guiness como os primeiros a gravar no século 21. Vai haver festa, mesmo, com comes e bebes, para 50 pessoas - sorteadas entre as que forem assistir ao Projeto Umdoumdoum no KVA, em cartaz todas as sextas-feiras de dezembro, a partir de amanhã. O disco vai sair pela gravadora Dabliú, selo pelo qual lançam seus solos os quatro integrantes do projeto. Élio, Kléber, Luiz e Madan são quatro dos mais talentosos novatos do cenário paulistano. Parceiros entre si, sem abandonar os trabalhos individuais, resolveram juntar forças no meio do ano - uma idéia de Kléber e Madan. A primeira formação do grupo tinha um quinto integrante, a cantora Mona Gadelha. Os cinco fizeram um mês - de sucesso - no Supremo, sempre às segundas feiras, em julho. Mona está viajando, divulgando seu mais novo CD. Portanto, a temporada do KVA terá só os rapazes - mas eles garantem que se esforçarão para reparar a perda. É de acreditar. Cada um compôs, inclusive, uma música nova, especialmente para a temporada que se inicia amanhã. Para falar um pouquinho de cada um: Élio é de São Caetano do Sul, ganhou vários festivais, apresentou-se em programas de televisão, tocou muito na noite de São Paulo. Gravou o disco Mágicas e tem um novo, pronto para sair. Kléber, que é de Santo André, tem trajetória semelhante. Venceu diversos festivais, no interior, estreou no disco, há três anos, com 17.777.700 (é o número de sua carteira de identidade) e lançou este ano o segundo solo, Para a Inveja dos Tristes. Foi finalista do recente festival de música popular promovido pela Globo, com a música Xi!, De Pirituba a Santo André, feita em parceria com Rafael Altério. Fábio Jr. gravou uma de suas composições, Lã de Vidro. Luiz Gayotto não nasceu em São Paulo, mas em Florianópolis - no entanto, ficam aqui os seus palcos de adoção. Toca vários instrumentos mas, no show, fica, principalmente, na percussão. Seu primeiro disco chama-se O Catarina, e o segundo, Viver e o Amor na Cidade Grande, está em lançamento. Por fim, mas não por último - estamos em ordem alfabética - Madan, que é da capital, também está no segundo disco, ou melhor, no segundo disco lançado - fez um, em 1991, que nunca chegou às lojas. Em 1997, ganhou o prêmio Coca-Cola de melhor música para teatro infantil - pela peça Poemas para Brincar, em que musicou versos de José Paulo Paes. Gosta de escrever melodias sobre poemas uma arte complexa: normalmente, fazem-se letras para músicas, não o contrário. Seu primeiro CD lançado levava seu nome. O segundo, que saiu neste ano, tem o título de uma parceria com Kléber, A Ópera do Rinoceronte. O terceiro está em preparo. São personalidades distintas, com dicções poéticas e musicais distintas. Quando se juntam, entretanto, formam uma entidade de características próprias. Quem teve a oportunidade de assistir à série de shows feita no Supremo, em julho, sabe: foi um dos grandes acontecimentos musicais do ano. Era bonito, inteligente, vibrante, engraçado, enternecedor. Era dinâmico, pulsante, romântico. Era instigante. Era de dar inveja aos tristes - parafraseando Kléber Albuquerque. Os músicos usam a expressão timbrar para designar vozes que se casam, que soam bem juntas, que vibram no mesmo ciclo quando formam acordes. Não basta que duas vozes sejam bonitas para que combinem: é preciso que timbrem. As de Élio, Luiz, Kléber e Madan, todas ótimas, foram também feitas umas para as outras. Coisa semelhante acontece com violões - nem sempre dois grandes violonistas soam bem, em dupla. É preciso que exista a sutil sintonia de vibrações, de intensidades, de sons harmônicos - pois os violões dos quatro rapazes foram feitos uns para os outros, bem como a percussão em que Luiz Gayotto se expressa maravilhosamente. Desses detalhes de ordem quase técnica faz-se, ou não se faz, a magia de um grupo vocal e instrumental. Faz-se, no caso deles. Neste caso, eles nem precisariam compor bem. Bastaria escolher um bom repertório e ganhar qualquer platéia. Mas eles são, antes de mais nada, compositores - expressões de uma nova poesia que, muito aos poucos e à custa de muito sacrifício, lutando contra a burra indústria fonográfica, contra o boicote radiofônico e televisivo, vai-se impondo. É inexorável que a expressão musical e poética trazida à luz por esses quatro rapazes, que integram o movimento - ainda informal, ainda marginal, ainda alternativo - de renovação e redenção da música brasileira, esteja na ponta mais admirável do que se compõe e escreve, hoje, nessas terras nossas. O Projeto Umdoumdoum oferece ao público a oportunidade de verificar, ao vivo e a cores, que, sim, há muita vida inteligente na tal da MPB. Projeto Umdoumdoum. Show com os cantores e compositores Luiz Gayotto, Kléber Albuquerque, Élio Camalle e Madan. Amanhã, às 22 horas. R$ 10,00. Centro Cultural Elenko - KVA. Rua Cardeal Arcoverde, 2.978, em São Paulo, tel. (11) 3819-5022. Todas as sextas-feiras de dezembro. Até 22/12.

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