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A guerreira Sheryl Crow desafia Clube do Bolinha

Por Agencia Estado
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Ela não tem pressa, nunca teve. Começou na carreira fazendo backing vocals para Michael Jackson e, aos 38 anos, tem apenas três discos lançados, um deles um álbum ao vivo, Live from the Central Park, que acaba de lhe render uma indicação para o Grammy como melhor cantora de rock (recebeu ainda outras duas nominações por parcerias com outros artistas). "Acabo de finalizar meu novo trabalho, que foi concluído pouco antes do Natal", contou em entrevista por telefone, na quinta-feira à tarde, a cantora americana Sheryl Crow, a mulher com a boca mais bonita do rock´n´roll, uma valquíria guerreira sempre a desafiar o Clube do Bolinha do rock. "Não sei quando será lançado, isso será decidido pela companhia de discos, mas eu creio que será em setembro ou novembro", afirmou a cantora. Segundo Sheryl Crow, o maior trunfo que tem a oferecer ao público que vai ver seu show no Rock in Rio, no dia 20, é sua banda, "um grupo bem rock´n´roll, com muita pegada e bastante afinado", contou. Ela chega na semana que vem ao País com o seguinte time: o guitarrista Peter Stroud, o baixista Tim Smith, o baterista Jim Bogios, o tecladista Mike Rowe e dois músicos "extraordinários", na sua definição: o violoncelista Matt Brubeck e a violinista Lorenza Pone. "Há algumas músicas que pedem um clima meio sinfônico, com cordas, e é por isso que eles estão no grupo", afirmou Crow. "São dois músicos extraordinários e imprimem algumas sutilezas no espetáculo", contou. Sobre o Brasil, Sheryl disse que já conhece "superficialmente" Rio e São Paulo. "Estive aí há três anos com Elton John e gosto bastante, especialmente da música brasileira", disse. Sheryl Crow contou um pouco sobre a grande esfinge do pop, o cantor Michael Jackson, com quem ela cantou como vocal de apoio no final dos anos 80. "Não tive uma relação com ele, nunca viajamos juntos e, geralmente, só nos víamos durante um ensaio ou um show e nesses momentos ele sempre foi muito tranqüilo e cool", disse a cantora. "Mas é um cara interessante, muito inspirador, um performer maravilhoso e com um senso excepcional do palco e do espetáculo", afirmou. Recentemente, Sheryl provocou uma certa comoção ao defender a música do polêmico rapper Eminem contra uma manifestação de artistas que protestam pela indicação do artista para o Grammy. Eminem é acusado de sexista e machista e Sheryl tem uma longa folha corrida de militância pelos direitos femininos. Em outubro, por exemplo, ela encabeçou o concerto Women Rock, em Los Angeles, parte de uma campanha publicitária para esclarecer as mulheres americanas sobre o câncer de mama. "Eu não gosto do que Eminem diz", explica Sheryl. "Sei que suas letras são negativas, violentas e invariavelmente desrespeitam as mulheres, mas eu gosto da música e acho que ele realizou um grande disco", disse, referindo-se ao álbum The Marshall Mathers, um dos maiores sucessos comerciais dos Estados Unidos na temporada. Sheryl solta um sonoro "Oh, meu Deus!" quando é indagada sobre sua opinião a respeito dos seus parceiros no show do dia 20, o cantor canadense Neil Young e o americano Dave Matthews e sua banda. "Neil Young é o início de todas as coisas e dispensa comentários", afirmou ela, acrescentando que acaba de participar de aberturas de shows de Young em sua turnê Silver & Gold. "Já Dave Matthews eu conheço apenas a música e aprecio, mas nunca vi um show dele", contou. Nascida na pequena Kenneth, no Missouri, em 11 de novembro de 1962, a cantora Sheryl Crow cresceu num ambiente musical. O pai, Wendell, e a mãe, Bernice, eram músicos. O jazzista Wendell tocava trompete em bandas de swing e a mãe era pianista erudita. A biografia da cantora dos hits Run Baby Run e Leaving Las Vegas (tema do filme Despedida em Las Vegas, com Nicholas Cage) é cheia de surpresas. Bonitona, ela era uma disputada cheerleader na escola (aquelas mocinhas com os pompons que ficam animando torcida de jogos). Quando chegou à universidade, porém, as coisas mudaram um bocado. Ela se formou em composição, performance e didática musical pela University of Missouri, em Columbia. De dia, ensinava música para crianças deficientes e, à noite, cantava e tocava em bandas cover na região de St. Louis. Em 1986, mudou-se para Los Angeles e uma vez soube que Michael Jackson estava ensaiando num teatro perto da sua casa. Não teve dúvidas: foi até lá e se apresentou, dizendo que queria cantar com Jackson. Acompanhou durante dois anos a turnê Bad de Jackson, e alguns tablóides chegaram a escrever que a belezura do coro estava de caso com o ex-Jackson Five. Depois, ela ainda foi vocalista do coro de Don Henley e só foi estourar mesmo em 1993, quando lançou Tuesday Night Music Club. Leaving Las Vegas, uma canção semi-autobiográfica, escrita já com base no romance de John O´Brien (que originou o filme) levou Sheryl ao estrelato e a fez vender 6 milhões de discos em 1994. Desde então, ela anda pelo planeta com seu estilo independente, um punhado de histórias misteriosas sobre namorados esquisitos e baladas selvagens.

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