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A aventura tropicalista em disco antológico de Ronnie Von

O próprio intérprete só lamenta ter cantado muito mal em seu álbum preferido

Por Agencia Estado
Atualização:

Desconhecido do grande público, o incensado álbum psicodélico/tropicalista de Ronnie Von, lançado em 1969, foi um acidente de percurso em sua irregular carreira discográfica. Na época, a filial brasileira da gravadora Philips (hoje Universal) estava em fase de mudança no comando. Enquanto o antigo presidente tinha saído e o sucessor não chegava, o cantor tinha um trabalho a realizar para cumprir contrato. Foi quando se juntou a Damiano Cozzella, responsável pelos arranjos e direção musical, e fizeram o disco ?vingativo?, de Ronnie. ?A concepção do disco foi em parceria com ele e com mais um menino na época, que estava despontando como bom compositor, Arnaldo Saccomani?, lembra Ronnie. ?Cozzella foi o grande catalizador de todo esse monte de psicodelia nessa história.? Ronnie conheceu Saccomani em 1967, quando incluiu três canções dele (Escuta, Meu Amor em destaque), no segundo álbum, em meio a versões e composições de Carlos Imperial (A Praça, Vamos Cantar). No álbum psicodélico, Saccomani assina metade das 12 faixas e é dele a canção predileta de Ronnie no disco: Espelhos Quebrados. As duas que fizeram sucesso foram Sílvia: 20 Horas, Domingo (Tom Gomes/Luis Vagner) e Menina de Tranças (Hédys/Flávia). ?Espelhos Quebrados para mim é um sonho. Gravei com quarteto duplo de cordas e madeiras. A minha idéia era fazer uma coisa elisabetana pré-barroca, como eventualmente Eleanor Rigby, que foi gravada com quarteto de cordas. Eu coloquei fagote, contrafagote, oboé, clarone, enfim, muita madeira junta.? É um álbum quase irretocável, cheio de invenções dignas de Caetano, Mutantes e Tom Zé. ?Meu único desespero é que eu tenha cantado tão mal. Cantei mal nesse disco todo?, ressalva. A possibilidade de corrigir esse lado veio um tempo atrás, com uma proposta do produtor João Marcello Bôscoli. ?Ele me falou que queria pegar toda a trilha do disco, o play-back, remasterizar tudo sem a voz e gravar a minha voz hoje, como deveria ser?, conta Ronnie. ?Eu não quero mais gravar, não tenho mais pretensões musicais, mas aquilo me encheu de ânimo. Aí eu faria o disco dos meus sonhos mesmo. Mas acho que a Universal não cedeu os masters porque ia lançar o CD. Ninguém é bobo. A visão mercantilista do mundo moderno é sempre maior do que qualquer encantamento artístico.?

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