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2.º Prêmio Musique reúne Tom Zé, André e Dandara

O parceiro escolhido por Tom Zé é André Lima, de 31 anos, nascido em Itabira (MG), mas residente em SP

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Por Redação
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Tom Zé, André Lima e a cantora Dandara, convidada pelo concorrente para interpretar a canção.      Foto: Epitácio Pessoa/AE

 

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Julio Maria - O Estado de S. Paulo

 

SÃO PAULO - Salvador, Bahia. Show de Tom Zé, 2001. A plateia que vê o homem no palco rasgando a roupa e fazendo uma música fora de qualquer padrão, à base de esmeril e furadeira, jornal picado e enxada, tem um rapaz de olhos vidrados. André Lima não havia aterrissado ali de asa delta. Já conhecia Tom Zé de tocar a música Ogodô com uma banda de rock em Belo Horizonte. Mas Tom, que não deve soar previsível nem para a própria mulher, Neusa, fez rodopiar a cabeça do garoto que lhe via pela primeira vez assim, em carne, osso e quase sem roupa. "Eu lembro que saí chocado", conta.

 

  Quase dez anos depois, André Lima e Tom Zé são parceiros. O jovem de 31 anos, que vive em São Paulo há três mas nasceu em Itabira, no interior de Minas Gerais, foi escolhido pelo próprio Tom como o melhor criador de uma música para sua letra inédita Pavana Para Uma Terra Viva, divulgada pelo Caderno 2+Música e pelo portal do Estadão. A 2ª edição do Prêmio Musique, realizado em conjunto pelo Estado e Rádio Eldorado, teve 297 inscritos de 17 estados. As cinco melhores músicas foram selecionadas por um júri, presidido por Amilton Godoy, pianista do Zimbo Trio, e enviadas para que o próprio artista escolhesse o vencedor. "Foi bem difícil chegar ao resultado", diz Tom. Na quarta-feira, Tom Zé, seu ‘parceiro’ André e a cantora Dandara, convidada pelo concorrente para interpretar a canção, vieram ao prédio do Estadão. Fizeram as fotos desta matéria, gravaram programas para as rádios Eldorado AM (700) e FM (92,9) e tocaram nos estúdios da TV Estadão (conheça a música no estadao.com.br). Ontem, foram regravar a canção vencedora no estúdio Suntrip, no Brooklin Novo, com o premiado Silas de Godoy, que atuou em cinco discos vencedores de Grammys Latino.   A letra de Tom Zé andou pelo violão de André Lima por três dias. Primeiro era uma valsa. Depois, um reggae. "Até que a primeira parte ficou um xote", diz o músico. Do violão, André foi ao computador e criou todo o arranjo. Dandara, uma cantora de 20 anos, chegou por último. Sem muito tempo para estudar a letra, foi para o estúdio do amigo e confiou na intuição. Quando o resultado bateu nos ouvidos de Tom, era aquilo. Ao mostrarem a música na TV Estadão, na quarta-feira, Dandara e André ao violão foram ‘dirigidos’ por Tom Zé em uma cena comovente. "Pra mim, aquilo foi o prêmio", diz Dandara. Sentado no chão, fora do alcance das câmeras e à frente dos dois músicos, Tom Zé dizia à cantora: "Cante cada palavra como se sua vida precisasse dela, de cada uma. Cante, você precisa dessas palavras." E Dandara voou.   A fórmula ideal para se chegar a uma boa canção, diz André, não existe. Ela está em uma espécie de mistura entre aquilo de especial e inexplicável que cada músico tem e, no caso de André, a montanha de Led Zeppelin, Stevie Wonder, Tom Jobim e João Bosco que ele ouve desde moleque. De fato, se houvesse tal fórmula, André saberia. Afinal, foram quatro anos de Universidade Federal de Minas Gerais estudando tabelas periódicas até se tornar engenheiro químico. Nada que o pegasse mais do que o teclado que a mãe lhe dera de presente aos 14 anos, junto com um recado: "As aulas começam na segunda-feira."   Apesar de se apresentar com um violão, André é tecladista. Faz parte da banda que segue a cantora Mallu Magalhães, toca com Kassin e atende chamados especiais. O último foi de Arnaldo Antunes, que precisava de um substituto para Marcelo Jeneci em um show de Betim (MG). O endereço de seu My Space é mys pace.com/andrelima. Um vídeo seu com mais de 150 mil acessos é encontrado com a palavra ‘fritando’ no You Tube.   As bandas de André começaram a chegar quando ele tinha 16 anos, em Itabira. A primeira foi a SkyAngels. "Sério, você vai colocar isso mesmo na matéria?", pergunta ao repórter. Sim. E mais: André tocava músicas do Bon Jovi. Depois veio Os Mardito, com covers de Led Zeppelin, Black Sabbath e Titãs. Já em Belo Horizonte, formou a Caxakústica, com MPB e rock dos anos 70. E livre do curso e do diploma de engenheiro, chegou em São Paulo há três anos. Desembarcou na Pompeia sem saber em que porta bater até se lembrar de um velho contato, Carlos Eduardo Miranda, jurado do programa Ídolos e produtor musical. "Véio, você manja de folk?", perguntou Miranda. "Ah, mais ou menos, por quê?" "Tem uma cantora aí precisando de um tecladista." Era Mallu Magalhães. As coisas começaram a acontecer. "Quero me firmar como músico, compositor e produtor." Ambição ele tem. E talento, Tom Zé assina embaixo.   Finalistas Depois de ouvir todos os concorrentes, o júri enviou 5 músicas para Tom Zé. Além de André Lima, foram selecionados os compositores Gudesteu Villela Mendes (Juiz de Fora, MG), Sandra Mara de Paula Feliz (SP), Renato de Barros Pinto (Poços de Caldas, MG) e Marcelo Costa Segreto (SP).   Dinho Ouro Preto será o próximo.   O vocalista da banda Capital Inicial vai procurar por um parceiro na 3ª edição do Musique. A letra inédita de Dinho será divulgada neste caderno no dia 18 de setembro, e as inscrições começarão dia 20, uma segunda-feira. Os concorrentes deverão criar uma música para a letra, sem modificá-la. A próxima edição do Musique terá novidades. Pessoas que vivem fora do Brasil, agora, poderão participar. Menores de 18 anos também estarão liberados. Paralelamente à escolha dos jurados, haverá uma escolha popular, feita no site do Estadão (estadão.com.br). A música mais votada será uma das finalistas, junto a outras quatro que serão escolhidas pelos jurados. Em breve, o Musique contará também com comunidades na web. A música vencedora será apresentada em 1ª mão na Rádio Eldorado e no Portal do Estadão.

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