Uma vida digna de Nobel

Livro revela a intimidade do premiado escritor Gabriel García Márquez por meio do olhar de seus afetos

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Por Marilia Neustein
Atualização:

Histórias inéditas do premiado escritor Gabriel García Marquez (1927-2014) contadas por familiares e amigos. É isso que a jornalista colombiana Silvana Paternostro se propôs a fazer no livro Solidão e Companhia (Ed. Planeta). A ideia surgiu em 2001, quando a extinta revista americana Talk encomendou a Silvana uma “história oral” sobre o prêmio Nobel de Literatura. O assunto não lhe era estranho, já que ela havia sido aluna de uma oficina de jornalismo que García Márquez ministrava, alguns anos antes, em Cartagena. A experiência se tornou uma crônica na revista Paris Review, que atraiu os olhares de editores internacionais. 

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No prólogo do livro, Silvana relata que, uma vez aceito o desafio, começou a pesquisar sobre o que faria sentido em uma história oral sobre o escritor colombiano, um dos maiores expoentes do gênero que ficou conhecido como “realismo fantástico”. Para a jornalista, ficou claro que era necessário mergulhar nas raízes do escritor, visitar a Colômbia e até ir ao encontro daqueles que deram origem aos personagens do seu mais conhecido romance, Cem Anos de Solidão. O livro é justamente o que divide Solidão e Companhia em duas partes. Segundo Silvana, as 24 fitas de entrevistas, cujas horas são compostas por minuciosas trocas de ideias, confissões e descrições de afetos – e desafetos – do escritor, estão selecionadas entre “antes” e “depois” do célebre romance.

Na primeira parte, estão as conversas com amigos de infância e familiares. “Aqueles que o conheciam quando ele ainda não tinha um bom alfaiate ou um biógrafo inglês – duas coisas que o ouvi dizer serem as marcas de um escritor de sucesso – nem se relacionava com presidentes e multimilionários”, explica. Já a segunda parte do livro é composta de pessoas que permearam “Gabo” já como um escritor conhecido, frequentando círculos de poderosos e da intelectualidade. 

No prólogo do livro, Silvana relata que, uma vez aceito o desafio, começou a pesquisar sobre o que faria sentido em uma história oral sobre o escritor colombiano Foto: Divulgação

Em plena pandemia, cuja venda de livros subiu 31%, segundo pesquisa da Nielsen em parceria com o Sindicato Nacional dos Editores de Livros, o livro de Silvana é um convite à “não solidão”. “Para apreciar este livro, é preciso deixar de lado a noção de que tudo na vida tem uma única verdade. A história oral ressalta a verdade de cada pessoa. Isso faz parte do seu encanto. Venha para esta festa com essa mentalidade e segurando um copo de uísque com gelo ou uma taça de champanhe – o que “Gabo” preferia, segundo me disseram. Se quiser ter a experiência completa, caminhe até a estante e pegue seu exemplar de Cem Anos de Solidão.”

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