O mercado de moda se mostra aquecido pelo retorno à vida presencial e é notável o movimento de abertura de novas lojas físicas sendo realizado por marcas que antes tinham seu foco em vendas online ou que funcionavam no formato ateliê, com atendimento com hora marcada.
A tendência é reforçada pelo comportamento do consumidor neste fim de 2021, que depois de meses anseia por novas experiências físicas, pelo contato com o produto e pelo espaço onde ele é exposto. Entre as marcas brasileiras que entraram nessa onda está a Neriage, etiqueta que nasceu da coleção de conclusão de curso da jovem Rafaella Caniello em 2016 e abriu a primeira loja física neste mês, na Rua Mateus Grou, no bairro paulistano de Pinheiros.
A marca conquistou durante seus primeiros anos uma legião fiel de clientes, que se apaixonaram pela fluidez, pela liberdade de movimento das modelagens e pelas texturas dos já conhecidos plissados Neriage. “A nova loja torna a experiência completa e materializa nossos conceitos.
Os elementos arquitetônicos do espaço mimetizam os movimentos e as técnicas de costura utilizadas nas roupas e nosso endereço une experiência de compra e criação, já que o ateliê fica no andar acima da loja e, com as grandes janelas de vidro, nosso cliente pode ver as roupas sendo criadas”, conta Rafaella.
A Neriage apresentou sua nova coleção, chamada Argos, em um desfile físico durante a última São Paulo Fashion Week. “Uma temporada, assim como a vida, é uma continuação da outra. A anterior falava muito de introspecção e essa fala mais da liberdade e renovação que começamos a viver. Temos de nos renovar para não perdermos o sentido do que somos”, reflete Rafaella.
POÉTICO. A história da jovem marca é pontuada por coleções fortemente emocionais e poéticas, assim como a personalidade de sua estilista, tendo sempre a arte e a literatura com grandes inspirações. A loja física inspirou um maior equilíbrio entre o poético, que é seu DNA, com a visão comercial necessária para o crescimento do negócio.
As roupas da nova temporada mantêm o movimento hipnótico dos tecidos vaporosos, os plissados que dançam a cada passo e as transparências que filtram a luz, mas chegam acompanhadas por formas mais limpas e por uma alfaiataria pura, precisa e fácil de incluir nos looks do dia a dia de suas novas clientes.
Outro ponto alto são as estampas, obras da artista Martha Barros, filha do poeta Manoel de Barros, que evocam a liberdade almejada por Rafaella com traços esteticamente primitivos, inspirados em pinturas rupestres e naïf. Tudo fica completo com as misturas de tecidos – pense em lã, seda e tule – e com a escolha precisa da cartela de cores. Nas palavras de Rafaella é “um jeito diferente de fazer o certo”.