Noivas da pandemia

Estilistas especializados em materializar sonhos falam sobre o que mudou nos casamentos durante o isolamento

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Por Alice Ferraz
Atualização:

Tradicionalmente, maio é considerado o mês das noivas em vários países do mundo. A origem da tradição é incerta, porém uma tese aceita está relacionada à chegada da primavera no hemisfério norte, época mais florida do ano, que vem acompanhada de temperaturas amenas, ideais para as celebrações ao lado de família e amigos. No entanto, desde o ano passado, com a grave crise de saúde pública, o mundo entrou em uma fase em que festas e reuniões se tornaram inviáveis, porque oferecem riscos à saúde de todos. 

Pelo segundo ano consecutivo, os casais precisam se adaptar e encontrar novas formas de celebrar a união com seus amores. Mas o que muda, de fato, para uma noiva na pandemia? 

Maio, o mês das noivas Foto: Larissa Felsen, Juliana Kneipp, Vanessa Abbud e Wanda Borges

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De todos os rituais que envolvem um casamento, o vestido branco sempre foi destaque absoluto. Muitas são as mulheres que sonham com o que vão vestir quando chegar sua hora de caminhar até o altar – com isso, um importante braço do mercado de moda surgiu para atender a este desejo, com estilistas e marcas especializadas em vestir noivas para o seu grande dia. Vanessa Abbud é uma dessas profissionais. Ela comanda o ateliê que leva seu nome e trabalha para atender as expectativas das clientes. 

Sonho, em uma de suas definições, representa uma ideia dominante que se persegue com interesse e paixão e, para Vanessa, esse ideal seguiu vivo e imutável durante a pandemia. “O sonho não acabou, o planejamento mudou”, reflete a estilista. Na prática, as celebrações se tornaram mais íntimas e só para familiares, o que trouxe mudanças também para o vestido. “Sinto que as clientes estão um pouco mais minimalistas – menos é mais. 

O comportamento nos casamentos é outro e isso fez algumas noivas repensarem a própria imagem no dia mais importante de suas vidas”, analisa Vanessa Abbud. “Mas isso ocorreu apenas em uma parcela dos casamentos. Fiz um vestido para uma celebração durante esse período que seria apenas para o casal. Mesmo assim, a noiva quis um vestido todo bordado, com cauda, véu e tudo o que tinha direito. Acredito que o imaginário coletivo desse momento da noiva não muda, com pandemia ou sem pandemia”, completa. 

Mudam os formatos, o número de convidados e a festa, mas, na equação de um casamento durante a pandemia, o vestido é uma das variáveis que não precisa necessariamente mudar. Wanda Borges, referência em vestidos de noiva há 25 anos, ressalta que a maior parte de suas clientes manteve os planos originais para os vestidos e apostou em peças supertrabalhadas. “O vestido se tornou mais central em cerimônias pequenas e as fotos que serão recordações desse momento se tornaram ainda mais importantes”, diz.

O segundo mês das noivas que acontece durante a pandemia também mostra uma mudança de comportamento nos casais e a capacidade de adaptação humana. Borges relembra que, em maio de 2020, quando a quarentena estava no terceiro mês, todos os casamentos para os quais fez vestido foram adiados ou cancelados. Com o passar dos meses, as noivas resolveram levar adiante, “o que temos muito são mini-weddings (pequenos casamentos), feitos só no civil ou em casa mesmo”. 

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As cerimônias de casamento seguem, então, firmes e fortes, com foco no que realmente importa: a celebração do amor e da união.

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