Colaboração é um conceito conhecido no mundo da moda quando se fala em criação. É comum marcas, nacionais e internacionais, anunciarem parcerias com profissionais de outras áreas criativas como artistas, designers e cantores. Na história recente do nosso mercado, as chamadas “collabs” tiveram papéis decisivos nas estratégias que grandes marcas traçaram para ganhar mais visibilidade e aumentar as vendas. Exemplos de ações desse tipo são muitos. Dois casos extremamente bem-sucedidos são o da Gucci, com o estilista Dapper Dan, e da Yeezy, marca de Kanye West, com a Adidas, uma colaboração que em 2019 rendeu mais de US$ 1,3 bilhão em vendas.
No entanto, esse tipo de parceria é rara e pouco divulgada entre empresas do mercado B2B (business-to-business) da moda. Recentemente, porém, uma associação bem-vinda e inovadora foi divulgada. A companhia americana Informa, responsável pela Coterie, uma das maiores feiras de negócios dos Estados Unidos, se uniu à NuOrder, plataforma de e-commerce especializada no mercado de atacado de forma virtual, que fatura anualmente em torno de US$ 17 milhões. Juntas, irão realizar entre os dias 1.º de setembro e 1.º de novembro seu primeiro trade show 100% digital, com presença intensa de lojistas do mundo todo e grande visibilidade internacional.
Mais do que uma colaboração, o exemplo oferecido mostra uma nova visão de mercado, em que modelos de negócio podem ganhar maior escala e se beneficiar com a união de suas expertises. O pacto reforça as potencialidades de cada empresa e reduz custos e tempo que levariam para tentar “ganhar” o terreno do outro.
A necessidade de digitalização surgiu com a pandemia e com o cancelamento das feiras físicas realizadas pela Informa, que além da Coterie também é responsável por trade shows como o Project, de moda masculina, e MICAM Americas, de calçados. Impossibilitados de realizar seus eventos de forma habitual, os executivos de tais empresas encontraram nessa colaboração uma forma de impulsionar seus negócios e manter a roda da economia girando. As feiras da Informa, recebem mais de 256 mil lojistas em suas edições físicas, enquanto a plataforma digital NuOrder é acessada por mais de 500 mil visitantes. Com isso, o evento digital tem o potencial de atingir 756 mil compradores aproximadamente, de mais de 88 países.
É importante ressaltar que a feira surge como uma oportunidade para marcas brasileiras de pequeno e médio portes também alavancarem o processo de internacionalização e se prepararem para uma nova era. “Em 2021, a plataforma digital será um elemento permanente, teremos os dois universos, físico e tecnológico, daqui para a frente”, diz Coleman McCartan, diretor de internacional de vendas da Informa. Na preparação para o evento, Andreza Chagas, empresária e fundadora da marca pernambucana homônima com pegada sustentável de jeanswear, revela que “sem a presença física na feira, é fundamental um material com fotos e vídeos bem preparados e completos, que facilite a venda na plataforma. Estamos evoluindo como marca e estaremos preparados para esse novo momento”. Com a participação confirmada para a edição online da Coterie em setembro, Andreza se revela otimista para a nova empreitada. “É tudo muito novo, estou ansiosa. Sair de Caruaru e ter a oportunidade de mostrar nosso trabalho para o mundo é um sonho que só se torna realidade neste momento com a possibilidade oferecida pela parceria com o digital”, afirma.
Com o dólar no patamar em que está, a digitalização também chega como uma forma de reduzir custos para marcas nacionais que queiram participar. “O novo modelo de negócio digital da parceria entre Coterie e NuOrder permite que marcas menores finalmente tenham a chance de se lançar no mercado internacional. Antes, elas pagariam em torno de US$ 10 mil para conseguir participar do evento. Agora, podem entrar em média por US$ 1.995”, revela Simone Jordão, consultora e curadora que escolhe as marcas brasileiras que participam do show Coterie NY.
Uma colaboração com grande potencial para o mercado e também para a moda nacional.