Honra e Detalhe: uma análise por Nilton Bonder

Abrir a porta, dar passagem ou ficar de pé são exemplos desses pequenos atos de admiração sublime.

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Por Nilton Bonder
Atualização:

“Honrarás a teus pais” é o quinto Mandamento. Porém, o que exatamente é “honrar”? Honrar não significa anuência ou submissão. Honrar não é obedecer. Como seria possível desenvolver autonomia e maturidade se tivéssemos que nos sujeitar a nossos pais? Diria que o ato de honrar não é feito por conformidade, mas por encantamento. E o encantamento não tem outro receptáculo senão o detalhe. 

Honrar é cuidar, é ornamentar as ações Foto: Arquivo

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Abrir a porta, dar passagem ou ficar de pé são exemplos desses pequenos atos de admiração sublime. Pareceria etiqueta ultrapassada, mas pormenores tais como não sentar no lugar dos pais na mesa, pedir bênção, não interromper o sono ou falar no tom e na vez adequada são expressões deste “honrar”.

Da mesma forma, gritar do quarto em vez de falar presencialmente ou demandar por preguiça “Mãe! Pega pra mim!” corroem a “honra”. Isso, porém, nunca como expressão hierárquica, mas de enlevo e encantamento.

Não é por acaso que o Mandamento de “honrar’’ prefacia os “Não Matarás”, “Não Roubarás” e demais alicerces éticos de uma pessoa do bem e “de bem”. Toda a formação e educação depende de aprendermos a honrar.

Honrar é, portanto, um verbo de vínculo. Na relação com um parceiro se manifesta na escuta, na surpresa ou no presente (estou presente!). Com os pais acontece pela conduta. Honrar que se inicia nos detalhes com eles, mas se espraia nos detalhes com a vida e com o outro. E assim, nos detalhes de nossas condutas, os honramos também.

Honrar é cuidar, é ornamentar as ações. Na tradição judaica, honrar o sábado é colocar roupa especial, é tratar diferentemente o tempo e as relações por seus detalhes. Cuidados que honram, detalhes que revelam afetos.

A moda, em uma de suas facetas, é a própria arte do detalhe. Assim, perigosamente próxima ao supérfluo e ao fútil, representa também o talento de produzir encantamento, recurso este fundamental a honrar.

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O detalhe como um fim é supérfluo, no entanto, como um meio, é a essência. Horror e amor moram no detalhe! Daí que a memória de nossas mães é honrada por detalhes de nossas lembranças. Apenas eles são valorosos o suficiente para evocar o senso pleno de relevância. Só a importância do desimportante, o único do particular e o extraordinário das pequenas ações podem honrar nosso encantamento às mães. A elas, um feliz dia... repleto de detalhes!

“Honrarás a teus pais” é o quinto Mandamento. Porém, o que exatamente é “honrar”? Honrar não significa anuência ou submissão. Honrar não é obedecer. Como seria possível desenvolver autonomia e maturidade se tivéssemos que nos sujeitar a nossos pais? Diria que o ato de honrar não é feito por conformidade, mas por encantamento. E o encantamento não tem outro receptáculo senão o detalhe. 

Abrir a porta, dar passagem ou ficar de pé são exemplos desses pequenos atos de admiração sublime. Pareceria etiqueta ultrapassada, mas pormenores tais como não sentar no lugar dos pais na mesa, pedir bênção, não interromper o sono ou falar no tom e na vez adequada são expressões deste “honrar”. Da mesma forma, gritar do quarto em vez de falar presencialmente ou demandar por preguiça “Mãe! Pega pra mim!” corroem a “honra”. Isso, porém, nunca como expressão hierárquica, mas de enlevo e encantamento.

Não é por acaso que o Mandamento de “honrar’’ prefacia os “Não Matarás”, “Não Roubarás” e demais alicerces éticos de uma pessoa do bem e “de bem”. Toda a formação e educação depende de aprendermos a honrar.

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Honrar é, portanto, um verbo de vínculo. Na relação com um parceiro se manifesta na escuta, na surpresa ou no presente (estou presente!). Com os pais acontece pela conduta. Honrar que se inicia nos detalhes com eles, mas se espraia nos detalhes com a vida e com o outro. E assim, nos detalhes de nossas condutas, os honramos também.

Honrar é cuidar, é ornamentar as ações. Na tradição judaica, honrar o sábado é colocar roupa especial, é tratar diferentemente o tempo e as relações por seus detalhes. Cuidados que honram, detalhes que revelam afetos.

A moda, em uma de suas facetas, é a própria arte do detalhe. Assim, perigosamente próxima ao supérfluo e ao fútil, representa também o talento de produzir encantamento, recurso este fundamental a honrar.

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O detalhe como um fim é supérfluo, no entanto, como um meio, é a essência. Horror e amor moram no detalhe! Daí que a memória de nossas mães é honrada por detalhes de nossas lembranças. Apenas eles são valorosos o suficiente para evocar o senso pleno de relevância. Só a importância do desimportante, o único do particular e o extraordinário das pequenas ações podem honrar nosso encantamento às mães. A elas, um feliz dia... repleto de detalhes!

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