Futuros possíveis

Três novas marcas que nasceram com preocupações sustentáveis fecham a série de textos sobre moda ecológica

PUBLICIDADE

Por Alice Ferraz
Atualização:

Nas últimas semanas, nossa coluna fez uma imersão na moda sustentável, a cada domingo trouxemos marcas e empreendedores que estão trabalhando com intenção e consciência em prol de um futuro de mais respeito e cuidado com o planeta. Histórias que trazem esperança e mostram que mudar é possível, com propósito e trabalho. O último texto desta série especial chega para mostrar que a mudança no pensamento dos empreendedores do meio da moda já está acontecendo e três novas marcas promissoras seguem este caminho em direção a um mercado mais verde. 

Das mãos de Raphael Costa Neves e sua sócia Cristina Parente, a Archai é uma marca de óculos e acessórios que produz seguindo processos de upcycling. O termo, muito difundido na moda sustentável, se refere à utilização de materiais e peças que normalmente seriam descartados para a criação de novos modelos. Costa Neves é um dos fundadores da marca brasileira de óculos Livo Eyewear, vendida para um grupo de investimento privado. Sua vivência na empresa fez despertar nele o desejo de criar de forma consciente ao observar que mais de 80% do material de óculos de luxo feito com placas de acetato é descartado. 

Histórias que trazem esperança e mostram que mudar é possível, com propósito e trabalho Foto: Raphael Costa Neves, Rafael Iglesias e Santo Ivson

PUBLICIDADE

Com essa preocupação em mente, a Archai cria modelos de óculos com design surpreendente usando o acetato italiano Mazzucchelli, um dos melhores do mercado. “O propósito da Archai é ressignificar o luxo. Entendemos que o ponto crucial para isso é se preocupar de onde vem os materiais que escolhemos e para onde eles vão”, diz o empresário. 

Apesar dos óculos representarem uma parte importante da oferta de produtos da Archai, o trabalho com upcycling faz parte do DNA da marca e se faz presente também nas joias em Prata de Lei com matéria-prima reaproveitada, proveniente da Recuperadora Brasileira de Metais, que utiliza processos sustentáveis para recuperar e refinar metais preciosos. O nome Archai, inclusive, vem do grego e significa “o começo”, o elemento que compõe tudo, a primeira matéria. É deste início que partem os ideais sustentáveis da marca. 

Do respeito pela matéria-prima também nasceu a marca homônima da pernambucana Caroll Falcão, que produz roupas de linho e cânhamo no Recife. Os materiais foram escolhidos pela durabilidade e baixo impacto ambiental e são resultado de uma ideia que nasceu quando Falcão ganhou roupas de linho feitas há décadas por sua avó, que era costureira e bordadeira. “As peças estavam em ótimo estado e com elas em mãos eu pensava: quero fazer roupas que durem esse tempo também”, relembra. “Crio com foco em um guarda-roupas com poucas e boas peças, onde um vestido possa ir da feira para uma festa, com a mudança de acessórios. 

O cuidado que a cliente vai ter com a roupa também é importante. É o que vai fazer ela ser perene, então explicamos todo esse cuidado no pós-compra”, complementa. Além da paixão pelo material e preocupação com a durabilidade das peças, a marca também realiza um trabalho com bordadeiras de Pernambuco, uma ação com viés social que traz a alma de um importante Estado brasileiro para as criações da marca. 

Do Nordeste do País para o interior de São Paulo, a Sra. Sono, marca da jovem Lorrine Mondin nasceu na cidade de Bauru em 2020, tendo a sustentabilidade como um dos pilares principais para a criação de roupas em uma categoria nova no mundo da moda: o Comfy Wear, caracterizado por peças confortáveis que podem ser usadas como pijamas ou ganhar as ruas. Com pouco tempo de vida, a grife mostra a consciência de uma nova geração da moda. “Desde o início, queríamos que a preocupação [ambiental] atingisse todas as etapas e níveis possíveis. Levando em consideração desde etiquetas, embalagens até os tecidos”, conta Lorrine. 

Publicidade

Aos 22 anos, a influenciadora digital e nova empreendedora de moda introduziu em sua marca práticas de produção local, uso de tecidos reciclados e a produção em pequenas quantidades, para evitar sobras e desperdício de materiais. Lorrine adotou tais escolhas também na vida pessoal, sendo ela mesma vegetariana. Um exemplo inspirador que, ao lado da Archai, Caroll Falcão e outras novas marcas que nasceram conscientes, mostra um caminho possível para que moda e meio ambiente coexistam de forma harmônica. 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.