Fendi abre a Semana de Moda de Milão que volta com desfiles presenciais

Gucci, Fendi e Giorgio Armani, assim como as primeiras propostas da marca de carros de luxo Ferrari, estarão na passarela

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Por Alexandria Sage
Atualização:

Os grandes nomes da moda italiana voltam às passarelas de Milão a partir desta quarta-feira (23) para apresentar, em desfiles presenciais, suas coleções femininas para o outono-inverno 2022/2023, um evento há muito esperado por uma indústria enfraquecida após dois anos de pandemia.

Espera-se que um grande número de modelos, fotógrafos e convidados descubram as últimas criações da Gucci (grupo Kering), Fendi (grupo LVMH) e Giorgio Armani, assim como as primeiras propostas da marca de carros de luxo Ferrari.

Bella Hadid à frente de outras modelos no desfile da Fendi, em Milão Foto: Miguel Medina / AFP

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Pela primeira vez desde a chegada da covid-19 na Itália, em fevereiro de 2020, os desfiles presenciais serão mais numerosos do que os por meio de gravações ou streaming.

Retornam assim os desfiles tradicionais, com meios extravagantes, que costumavam atrair um público de blogueiros e influenciadores e onde prevalecia o poder da presença.

Milão deposita todas as suas esperanças no regresso de centenas de compradores, jornalistas e personalidades da moda aos eventos organizados nos quatro cantos da capital da Lombardia.

Um espaço futurista, similar a um búnquer, foi o cenário escolhido pela Fendi para seu retorno, com todas as características de um desfile de moda usual: abundantes beijos no ar (com ou sem máscara), convidados se equilibrando em saltos que desafiam a gravidade, muitas selfies e homens vestindo saias.

Modelo desfila criação da coleção outono/inverno 2022-2023 de Roberto Cavalli, na Semana de Moda de Milão Foto: Antonio Calanni/ AP

A modelo Bella Hadid abriu o espetáculo em uma confortável jaqueta de lã com babados combinado com um vestido transparente, quase uma lingerie, com costuras com franjas na altura do joelho.

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A transparência predominou, inclusive nas calças em tons de damasco e menta.

A coleção desenhada por Kim Jones para a Fendi tem como objetivo comunicar a "sensação de leveza", explicou a casa italiana em sua apresentação à imprensa.

Um novo impulso

O presidente da Câmara Italiana de Moda (CNMI), Carlo Capasa, reconheceu, no entanto, na semana passada, que ainda pesa muito no setor a "incerteza".

Os 58 desfiles presenciais refletem “um forte sinal de otimismo e positividade, que dá um novo impulso ao setor”, declarou ele em coletiva de imprensa.

Desfile da coleção outono/inverno 2022/2023 de Alberta Ferretti, na Semana de Moda de Milão Foto: Alessandro Garofalo/ Reuters

Todos os olhos também estarão voltados para a Gucci, a marca emblema da moda italiana, que regressa após uma ausência de dois anos.

Em novembro, seu estilista, Alessandro Michele, despertou muita curiosidade com sua Gucci Love Parade, organizada em Hollywood.

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A pandemia também levou a uma considerável parcela de fábricas fechadas, queda nas vendas e também uma mudança na forma como as pessoas se vestem, razão pela qual a moda quer recuperar a fatia de mercado que desfrutava antes da covid.

“Após quase dois anos de disrupção, a indústria global da moda está recuperando seu equilíbrio”, explicou a consultoria McKinsey em um relatório publicado em dezembro.

Moda Ferrari

Estima-se que a moda italiana e seus subcontratados tenham gerado um faturamento de cerca de 83 bilhões de euros (94 bilhões de dólares) em 2021, um aumento de 20,9% em um ano, segundo a CNMI.

Um valor que, porém, ainda é 7,8% inferior ao de 2019. As exportações aumentaram 16,4% nos primeiros dez meses de 2021, impulsionadas principalmente pelo aumento de 50% nas vendas na China e 31,8% nos Estados Unidos.

Coleção Outono/Inverno 2022-2023 da grife N21, na Semana de Moda de Milão Foto: Antonio Calanni/ AP

Em janeiro, a nova onda de casos de covid-19 devido à variante ômicron afetou a semana de moda masculina em Milão, e a preocupação continua a assombrar a temporada de desfiles que começou este mês em Nova York e termina em 8 de março em Paris, com escalas em Londres e Milão.

Em Nova York, Tom Ford teve que cancelar seu desfile, pois não conseguiu terminar a coleção por causa das infecções pela ômicron entre a equipe de estilistas nos Estados Unidos e o pessoal das fábricas na Itália.

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A Ferrari, conhecida em todo o mundo por sua equipe de Fórmula 1, fará sua estreia em Milão no domingo, oito meses depois de seu estilista, Rocco Iannone, apresentar sua primeira coleção em Maranello, sede da lendária fábrica de automóveis da empresa.

Nesta quarta-feira, a gigante italiana dos jeans Diesel desfila em Milão a segunda coleção assinada pelo designer belga Glenn Martens, que segue como diretor artístico da Y/Projects, uma linha experimental. No mês passado, ele apresentou uma coleção de alta costura com silhuetas com espartilhos como estilista convidado de Jean Paul Gaultier.

Outro momento muito aguardado da semana de moda milanesa é a estreia do estilista francês Matthieu Blazy com a Bottega Veneta (grupo Kering), após a repentina saída do britânico Daniel Lee em novembro.

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