Cota racial na SPFW: 'O grito por espaço foi ouvido', diz modelo

Rayane Brown tem dois anos de carreira e participou de três temporadas da semana de moda de São Paulo

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Por Gabriela Marçal
Atualização:
Modelo Rayane Brown fala sobre cota racial na SPFW Foto: Antoine Coquelet

"Nosso grito por espaço foi ouvido e isso fez com que muitos profissionais olhassem com mais atenção pra nós", afirma a modelo Rayane Brown, 22 anos, sobre a implementação de uma cota racial na Semana de Moda de São Paulo (SPFW)

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A partir desta temporada, 50% dos modelos de cada apresentação devem ser afrodescendentes, indígenas ou asiáticos, com parentesco até segundo grau. 

"Espero que haja uma melhora, não só nessa edição, como nas próximas, e não só na SPFW, como em toda a moda, porque nossa luta é diária e sempre existirá", complementa a profissional.

Rayane tem dois anos de carreira, esteve em três temporadas do evento e tem participação confirmada nesta edição. Ela conta que nunca sofreu racismo no evento da capital paulista, mas pondera. "Não vejo isso como positivo porque o racismo é algo que existe em nossa sociedade e pode se manifestar em qualquer ambiente."

Sobre o tratamento que recebe no mercado da moda brasileira, a modelo comenta que sua atuação internacional pode influenciar a maneira como é recebida. "O Brasil historicamente sempre busca valorizar modelos que tem um portfólio de trabalhos ou desfiles internacionais."

'Espero que seja uma mudança real, em uma sociedade excludente'

Rosario também já participou de três temporadas da SPFW, mas, diferentemente de Rayane, afirma que já se sentiu discriminada ou sofreu racismo na semana de moda de São Paulo. Participante desta edição do evento, acredita que a cota racial é importante. "Mas sempre estarei torcendo por uma sociedade mais igualitária, onde a inclusão aconteça naturalmente e não precise de cotas para isso", disse a jovem de 19 anos.  

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A modelo que tem dois anos de carreira espera que a nova regra seja cumprida em todas as apresentações da semana de moda. "Mais do que isso, espero que seja uma mudança real, em uma sociedade excludente, onde há muitos meninos e meninas negras que não têm oportunidade, que sempre sonharam estar em lugares como as passarelas, assim como eu."

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