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A moda virtual é 'um parêntese', segundo o gerente do Paris Fashion Week

Em entrevista, Pascal Morand defendeu que o risco do digital é perder o ritmo concedido pelo evento

Por AFP
Atualização:

A pandemia confinou a moda na internet mas se trata apenas de um "parênteses", estimou Pascal Morand, presidente executivo da Federeção de Alta Costura e da Moda na França, ao defender o futuro da Semana de Moda de Paris. Confira a entrevista.

Desfile Primavera-Verãodo estilista francêsJulien Fournie na Semana de Mora de Paris Foto: Martin BUREAU / AFP

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Podemos continuar falando sobre a Paris Fashion Week apesar de todos os desfiles que acontecem hoje serem digitais?

É a terceira Semana da Moda digital, não há nada de novo para nós. Criamos a plataforma na hora, durante a primeira em julho para transmitir as inscrições online. Na segunda, em setembro, fizemos “figital” (com desfiles físicos e virtuais).  Estamos no século 21. No mundo de ontem, o digital completou o físico. Hoje é o contrário. Mas todo mundo está cansado das reuniões do Zoom e as necessidades sensoriais elementares não estão sendo atendidas. A visualização não é a mesma, principalmente na moda, com movimento, tecidos, fluidez, precisão. No digital, estamos muito longe de obter aquela resolução extremamente fina que a visão humana tem em termos de contrastes, cores, profundidade. Existe uma forma de parênteses em relação à arte de viver e todas as capitais são afetadas. Mas para as marcas jovens, Paris não perde em nada seu apelo. É aqui que eles querem se dar a conhecer.

Qual o impacto da crise para o setor?

É importante. As empresas que se destacam são as que mais se desenvolvem no âmbito digital e exportam para a China. Marcas de luxo exportam 90%, principalmente para Ásia, China, e estão muito presentes no mundo digital. Talvez seja um fator de sobrevivência, de resiliência na situação atual. Aquelas que são encarnadas por um designer ou diretor artístico têm uma vantagem adicional e as que aparecem na Fashion Week têm recursos suficientes para superar esse período.

Em entrevista, Pascal Morand defendeu que o risco do digital é perder o ritmo concedido pelo evento Foto: Martin BUREAU / AFP

Algumas marcas abandonam o calendário oficial, outras fazem menos coleções, as pequenas começam a ver vantagens no formato digital. O que acontecerá com as semanas de moda após a pandemia?

O risco do digital é perder o ritmo que a Fashion Week dá. Há costumes que cessam, mas não é o nosso caso. Existe uma grande necessidade de expressão criativa. Quando a vida normal for retomada, será necessário refletir sobre a forma de desfilar, para conceber um evento físico com aspecto digital. Se todos deixarem o sistema, todos perderão. Nesse contexto, deve haver salvaguardas, elementos de credibilidade. O calendário oficial sempre foi um fator de democracia. Todas as marcas estão em pé de igualdade, entre as mais famosas que acabaram de chegar, apesar da grande diferença de faturamento e notoriedade. O público também é uma rede de influência, de comunicação, dá mais vida ao que acontece na passarela. E isso tem impacto no mundo digital porque as pessoas presentes transmitem a informação.

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