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Raphael Montes se divide entre dois novos romances e roteiros de cinema e TV

Best-seller brasileiro, escritor fala sobre a tendência mundial de tramas menos marcadas por serial killers

Foto do author Ubiratan Brasil
Por Ubiratan Brasil
Atualização:

Raphael Montes parece não ser afetado pelo sono – aos 27 anos, o mais importante romancista policial da nova geração brasileira se divide com a escrita de dois novos romances, um roteiro para o cinema e programas para a TV Globo. “Sou muito organizado e consigo pensar em tudo ao mesmo tempo, sem prejuízo para algum”, conta ele ao Estado, minutos antes de atender a uma enorme fila de fãs que foram atrás de seu autógrafo, no sábado, 2, na Bienal do Livro do Rio.

A versatilidade de pensamento e a curiosidade incessante são as grandes virtudes do jovem carioca que, advogado de formação, já ostenta uma pequena coleção de joias do policial brasileiro com Suicidas (que acaba de ganhar uma reedição acrescida de um capítulo), Dias Perfeitos, O Vilarejo e Jantar Secreto. “Tem sido fascinante a experiência de escrever para cinema e TV, mas escrever livros me atrai mais – na literatura, tenho mais liberdade para entrar na cabeça das pessoas”, afirma.

O autor. Ele escreve um roteiro de longa com o diretor Cacá Diegues Foto: VICTOR PRATAVIERA

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O sucesso das obras de Montes abriu os olhos de grandes editoras nacionais, agora em busca de novos nomes da escrita policial. Muitos, aliás, receberam a chancela do próprio autor. “Recebo muitos pedidos de leitura, o que faço com maior prazer.” Montes, na verdade, é um leitor atento também para o que é publicado no exterior. Notou, por exemplo, um crescente interesse por uma literatura mais doméstica e menos centrada em serial killers.

“Percebo agora uma valorização da literatura policial feminina, embora o termo seja ruim”, observa. “Há uma profusão de romances mais domésticos, que comprovam a inexistência da família perfeita, ao mesmo tempo em que revela seu lado podre, marcado por violência sexual, marido abusivo, protagonistas mulheres fortes. Outro fato interessante é a ausência da polícia: os heróis e detetives são pessoas comuns, que revelam suas falhas.”

Se tal tendência marca a escrita estrangeira, a nacional, segundo Montes, ainda constrói uma identidade. “Ainda não temos esse gênero essencialmente brasileiro, ainda que não faltem elementos para a construção de uma literatura com a nossa marca: umbanda, polícia com desvios, a igreja evangélica e sua força, até nosso folclore – já imaginou um serial killer que mata baseado em histórias folclóricas?”

Como se vê, Raphael Montes é uma usina de ideias. Atualmente, escreve dois romances simultaneamente. Duas histórias completamente diferentes. “Um é um romance policial clássico, com uma mulher como protagonista; o outro o inverso, mais psicológico, familiar, quase sem trama”, conta ele, que tem como títulos provisórios Uma Mulher no Escuro e Uma Família Feliz, respectivamente. “Aquele que embalar primeiro será publicado antes.”

Desde o início do ano, Montes escreve roteiros para TV, além de protagonizar programas de entrevista, abrindo o leque de investimentos. Que conta também com participação no cinema: assina o roteiro do novo filme de Lucia Murat, Praça Paris, e escreve com Cacá Diegues o texto de sua próxima produção. “Ele é muito talentoso”, diz o cineasta.

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SUICIDAS

Autor: Raphael Montes

Editora: Companhia das Letras (342 págs., R$ 49,90 versão impressa, R$ 34,90 versão digital)

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