Projeto mostra como conversam obras de Ignácio de Loyola Brandão e outros escritores

'O Concerto de João Gilberto no Rio de Janeiro', de Sérgio Sant'Anna e 'Eles Eram Muito Cavalos', de Luiz Rufatto também fazem parte de 'Contaminações'

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Por Ubiratan Brasil
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São obras fundamentais na literatura brasileira – Zero, de Ignácio de Loyola Brandão, colunista do Caderno 2, O Concerto de João Gilberto no Rio de Janeiro, de Sérgio Sant’Anna, e Eles Eram Muitos Cavalos, de Luiz Ruffato. Três autores que, a partir de março, serão homenageados pelo projeto Contaminações, que vai ficar até julho em cartaz no Sesc Ipiranga.

Trata-se de um projeto que mostra como diferentes linguagens artísticas se relacionam e se contaminam – no caso, como esses três livros não apenas são influenciados como também contaminam outros universos artísticos, como artes plásticas, música e teatro.

Loyola. Do cronista do 'Caderno 2' foi eleita 'Zero', obra que foi proibida por militares Foto: MARIA FERNANDA RODRIGUES/ESTADÃO

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Tal influência será mostrada por um projeto cenográfico, concebido por Daniela Thomas e Felipe Tassara, que vai vestir toda a unidade do Sesc. A exposição ainda contará com trabalhos do videoartista Eder Santos, dos artistas plásticos Franklin Cassaro, Heleno Bernardi e Álvaro França e do fotógrafo Cristiano Mascaro.

Publicado em 1975 no Brasil (saiu uma versão na Itália em 1974), Zero foi proibido pelo governo militar e liberado só em 1979. Há, de fato, uma transgressão, mas não apenas no conteúdo como também na forma. É um fantástico jogo intelectual, com a ficção se confundindo com a realidade em meio a colagens de desenhos unidos por frases sem pontuação.

Já em O Concerto de João Gilberto no Rio de Janeiro, conto escrito em 1982, Sérgio Sant’Anna faz uma narrativa experimental que traz uma carga de otimismo em um país que já pode sentir o cheiro da abertura do regime e vislumbrar um período democrático que se aproxima.

Finalmente, em Eles Eram Muitos Cavalos, publicado em 2001, Luiz Ruffato retrata as dificuldades e dilemas de uma classe trabalhadora paulistana nos anos 1990. Difícil, angustiante, radicalmente experimental, o livro veio na contramão de uma literatura mais comercial, de fácil comunicação.