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Por causa do calor, funcionários da Biblioteca Nacional podem ser liberados mais cedo

O sistema de ar condicionado, com mais de 20 anos de uso, vem claudicante desde 2012, e não há previsão para uma solução definitiva

Por Roberta Pennafort
Atualização:

RIO - Pelo sexto verão consecutivo, funcionários e usuários da Biblioteca Nacional sofrem com o calor nas dependências do prédio. O sistema de ar condicionado vem claudicante desde 2012, e não há previsão para uma solução definitiva. A presidência já cogita reduzir o expediente dos servidores que trabalham nas áreas mais quentes. O equipamento de ar tem mais de 20 anos de uso, segundo a Associação de Servidores da Biblioteca. No verão de 2013, o horário de funcionamento da instituição chegou a ser encurtado por causa do calor.

“Chegamos a um limite. É assim todo ano. É tão ruim para o servidor quanto para o usuário, e o acervo também fica exposto. Os equipamentos são do fim nos anos 1980, e está em permanente manutenção, não dá vazão. No ano passado, desesperadamente, criamos uma comissão para acompanhamento das obras na biblioteca”, contou Luciana Muniz, presidente da associação. 

Biblioteca Nacional: Prédio de 1910 é tombado Foto: FABIO MOTTA/Estadão

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Os funcionários tentam driblar o calor com ventiladores. Apenas alguns setores estão climatizados, como a área de pesquisa, a iconografia, o auditório e os espaços expositivos. Como as salas são muito grandes, dentro de algumas há partes agradáveis, outras muito quentes. A existência de “anteparos”, como vitrines expositivas, obstruem o fluxo do ar frio.

A reportagem não conseguiu contato com a presidente, Helena Severo, no cargo desde agosto de 2016. À época, ela declarou que sua prioridade na função seria recuperar totalmente o prédio, de 1910, que tem cinco andares e é tombado. O problema do ar só seria solucionado com a reforma da parte elétrica do edifício, ela disse. Helena classificou a situação do ar como “dramática”.

A Associação de Servidores está recomendando aos funcionários que conversem com suas chefias e coordenadores sobre possíveis soluções para o problema, a serem levadas à comissão de acompanhamento das obras, a fim de garantir “a saúde e o bem-estar” de todos. Servidores relatam no Facebook que na Divisão de Obras Raras o desconforto é “extremo” e a ventilação é “deficiente”, e contam que os efeitos colaterais são “físicos e emocionais”. 

Localizada na Cinelândia, no centro do Rio, a Biblioteca Nacional é a mais antiga instituição cultural brasileira. Recebe estudantes, pesquisadores e turistas, que se impressionam com o belo edifício, em estilo eclético, com elementos neoclássicos e art nouveau. É o órgão responsável pela guarda, preservação e difusão da produção intelectual do País. Seu acervo tem cerca de 10 milhões de itens, o que faz dela a maior da América Latina. Todos os livros publicados no Brasil têm uma cópia lá. A origem é a Real Biblioteca no Brasil, que veio com D. João VI para o Rio, em 1808: cerca de 60 mil peças, entre livros, manuscritos, mapas, estampas, moedas e medalhas.

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