PUBLICIDADE

Peter Handke recebe Nobel de Literatura em meio a protestos e críticas

Vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 2019, o escritor e dramaturgo austríaco discursou no funeral de Milosevic em 2006

Por Colm Fulton
Atualização:

Manifestantes enfrentaram temperaturas congelantes nesta terça-feira, 10, para protestar contra a entrega do Prêmio Nobel de Literatura de 2019 ao escritor austríaco Peter Handke devido ao seu apoio ao falecido líder sérvio Slobodan Milosevic.

Handke e os ganhadores do Nobel de química, medicina, física e economia receberam seus prêmios do rei sueco em uma cerimônia luxuosa no Estocolmo Concert Hall na noite de terça-feira. O Prêmio Nobel da Paz foi concedido separadamente na terça-feira em Oslo ao primeiro-ministro da Etiópia.

Peter Handke recebe o Nobel de Literatura em Estocolmo das mãos do reiCarlos XVI Gustavoda Suécia Foto: Henrik Montgomery/TT News Agency/AFP

PUBLICIDADE

A escolha de Handke pela Academia Sueca foi amplamente criticada porque o romancista e dramaturgo austríaco discursou no funeral de Milosevic em 2006, depois que o líder sérvio morreu detido em Haia, enquanto enfrentava julgamento por crimes de guerra.

Conforme os convidados para a cerimônia chegavam em suas limusines, cerca de uma dúzia de manifestantes mostraram cartazes com slogans como “Sem Nobel para fake news”, uma referência aos comentários de Handke questionando o massacre de mais de 8.000 homens e meninos muçulmanos da Bósnia em Srebrenica em 1995.

“O problema com Handke é sua recusa em admitir o genocídio da população da Bósnia nos anos 90”, disse Adnan Mahmutović, um dos organizadores da manifestação de terça-feira em Estocolmo.

“Como escritor sério e consagrado que tem muita influência na literatura européia, Handke tem sido usado na narrativa de negação de genocídio nos Bálcãs”, disse Mahmutovic, que fugiu para a Suécia como refugiado da guerra na Bósnia em 1993.

Manifestantes protestam contra entrega de Prêmio Nobel de literatura a Peter Handke, em Estocolmo Foto: TT News Agency/Stina Stjernkvist via REUTERS

Os embaixadores da Albânia, Bósnia, Croácia, Kosovo e Turquia disseram que boicotariam a cerimônia de terça-feira, 10.

Publicidade

“Hoje é um dia vergonhoso... Isso mostra que a Europa tem uma amnésia do que aconteceu conosco em Kosovo, na Bósnia e na Croácia”, escreveu o ministro das Relações Exteriores de Kosovo, Behgjet Pacolli, no Twitter.

Mais cedo, o presidente turco, Tayyip Erdogan, acusou a Academia Sueca de recompensar violações dos direitos humanos, concedendo o prêmio de literatura a Handke.

No momento de sua morte, Milosevic estava sendo julgado por atrocidades e limpeza étnica cometidas pelas forças sérvias durante as guerras que destruíram a antiga Iugoslávia nos anos 1990.

Na sexta-feira passada, Handke se recusou a responder perguntas sobre seu apoio a Milosevic.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.