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O olhar criativo de Vanessa Barbara de volta ao 'Estado'

Cultura e questões urbanas vão inspirar a cronista, que passa a assinar coluna semanal no ‘Caderno 2’ a partir de segunda-feira, 11

Por Guilherme Sobota
Atualização:

Você já presenciou e já ouviu falar dele, em qualquer evento público relacionado a discussões intelectuais, filosóficas, urbanas ou literárias: o louco de palestra, aquele “sujeito que levanta a mão para perguntar algo absolutamente aleatório”, vai estar lá. O termo foi registrado por Vanessa Barbara – que retorna como colunista ao Estado, estreando na segunda-feira, 11, no Caderno 2 – em um texto publicado na revista piauí em 2010 e que também dá título ao seu livro mais recente, O Louco de Palestra e Outras Crônicas Urbanas, publicado pela Companhia das Letras. Ali dá para ter uma boa ideia do que ela pretende trazer aos leitores em seu espaço semanal.

Vanessa. Crônicas sobre a "Zona Norte Expandida" Foto: José Patrício/Estadão

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“Minha coluna vai falar muito de questões urbanas (Zona Norte e Zona Norte expandida, ou seja, o resto da cidade), e também de livros, filmes e atualidades”, explica Vanessa. “Também vou falar de protestos, de questões sociais e de coisas que estão na pauta de quem não sai das ruas e insiste em atrapalhar o trânsito. Serão basicamente crônicas – algumas mais pretensiosas que as outras, às vezes com advérbios demais”, brinca.

Moradora convicta da Zona Norte da capital – no bairro do Mandaqui –, Vanessa Barbara é uma espécie de garota prodígio: em 2003, aos 21 anos, escreveu O Livro Amarelo do Terminal, que cinco anos depois foi lançado pela Cosac Naify com uma edição cuidadosa. Espécie de livro-reportagem-literário e pastiche de história e observação, venceu os prêmios APCA, em 2008, e o Jabuti de Reportagem no ano seguinte. Também em 2008, saiu O Verão do Chibo (Alfaguara), romance escrito em parceria com Emílio Fraia. Ainda naquele ano, ela passou a ser colunista do caderno Metrópole, do Estado, por dois anos. Nos anos seguintes, reforçou seu nome no jornalismo literário brasileiro, ao contribuir regularmente para a revista piauí, para a Folha de S. Paulo e outros veículos. Também lançou um livro infantil, uma HQ e um romance agora exclusivamente de sua lavra: Noites de Alface, de 2013, publicado pela Alfaguara e com contrato para sair em cinco idiomas na Europa.

Em 2013, o jornal americano The New York Times a convidou para escrever um artigo sobre as manifestações de junho. Foi aprovado. Em seguida, Vanessa fez um teste para entrar no time de colunistas internacionais e passou. Hoje, escreve mensalmente para as versões doméstica e internacional do NYT.

“Ainda que seja bastante difícil, gosto horrores de escrever pra lá e sinto a necessidade de abordar assuntos relevantes, de acrescentar novas visões a debates locais, dar visibilidade a problemas nossos”, diz, sobre a experiência periódica na imprensa internacional. “Recebo críticas de brasileiros dizendo que eu não devia falar mal do meu país, não devia abordar nossos problemas lá fora, tipo: ‘roupa suja se lava em casa, você devia se limitar a exaltar a nossa opulenta nação’. Eficiência. Galope. Futuro. Ninguém andando de costas. Talvez eu deva escrever uma coluna só falando sobre a graça e a malemolência da mulher brasileira”, ironiza.

Questionada se os loucos de palestra – que se espalham pelas redes sociais de todo dia – a incomodam, ela diz que não. “Existe louco de comentário de jornal, louco de rede social, louco de tudo. Eu mesma pertenço à subcategoria ‘Louca de Post de Facebook’, pois faço questão de me posicionar sobre os assuntos mais díspares com o furor de quem discursa em cima de um caixote”, exagera Vanessa, que, entre outras características que o leitor vai poder descobrir ao ler suas crônicas a partir de segunda, é entusiasta das reuniões de condomínio, dona de duas tartarugas de água doce, integrante do Grêmio Pan-Americano de Repúdio ao Celular e ativa usuária do transporte público paulistano.

Sobre os loucos, ela conclui: “Acho saudável. A democracia é feita de loucos de palestra e populares exaltados”. Ninguém deve duvidar.

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