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Na Flip, David Hare ressalta valor do teatro político

Dramaturgo inglês lamentou o penoso período do governo Margaret Thatcher

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Por Ubiratan Brasil
Atualização:

PARATY - O teatro do dramaturgo inglês David Hare é essencialmente político porque aposta no social. E na crítica. Destaque entre as mesas deste sábado, 4, da Flip, ele revelou como processa sua profissão de fé na contramão do teatro praticado em seu país: “adoraria que a cena inglesa amadurecesse e não tratasse mais sobre maternidade, velhice e enfocasse o Terceiro Mundo, os problemas do Iraque. Isso arejaria nossos palcos.”

David Hare em Paraty Foto: Walter Craveiro/Divulgação

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Hare é autor de mais de 20 peças que retratam a história recente da Inglaterra. Iniciou a carreira em 1968, mas foi nas décadas seguintes que ganhou projeção. “Quando comecei, criei um grupo que fazia um teatro agressivo e com uma tática de impacto: chegávamos a um lugar, perturbávamos as pessoas e logo saíamos antes de sermos criticados”, contou. 

Naqueles anos 1970, ele confiava em uma revolução anarquista na Inglaterra, mas, com o Partido Conservador obtendo maioria no Parlamento e Margaret Thatcher assumindo o cargo de primeiro-ministro, ele entrou em um período de paralisia. “Thatcher substituiu o Estado que pregava o bem estar social por outro movido pela filosofia do mercado”, observou. “O pior é que até hoje vivemos dessa herança.”

Segundo ele, essa fórmula não funciona mais, especialmente depois da crise europeia e americana de 2007. “Precisamos de um modelo novo mas, por ora, vivemos do antigo, mesmo falido.” Além de escrever, Hare também dirige e já atuou em um monólogo escrito por ele mesmo. As reações foram distintas. “Simon Callow, por exemplo, um dos mais venerados atores ingleses, disse que tive muita coragem de ficar em pé sem ter técnica”, divertiu-se.

O dramaturgo também confirmou ter sido convidado por George Lucas para dirigir a quarta e a quinta partes de Guerra nas Estrelas. “Minha resposta não foi muito atraente. Disse: ‘George, terei então de assistir às três primeiras partes?’.”

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