Morre, aos 102 anos, o agente Sterling Lord

Ele descobriu Jack Kerouac e Ken Kesey e ajudou a lançar grandes autores da beat generation

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Por Associated Press
Atualização:

O agente literário Sterling Lord, que abriu a própria agência em 1952 e permaneceu até recentemente como o mais longevo dos agentes norte-americanos, morreu, neste sábado (3),aos 102 anos, numa casa de repouso em Ocala, na Flórida, segundo informou sua filha Rebecca Lord. Sterling Lord lutou por anos para conseguir encontrar um editor disposto a publicar On the Road, de Jack Kerouac, principal nome do movimento beat norte-americano.

Lord trabalhou até os 100 anos em sua agência. Elegante, atlético, sem vícios, custava crer que ele tivesse algo a ver com a beat generation, mas o que lhe garantiu um lugar de importância no mercado editorial norte-americano foi justamente sua atração pelos rebeldes. Ele trasformou-se numa espécie de embaixador dos beats.

Sterling Lord, o primeiro a reconhecer os talentos de Jack Kerouac e Ken Kesey Foto: Associated Press

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Com rara resistência, Lord convenceu editores sobre a importância da narrativa nada ortodoxa de Kerouac. E mais: por muito tempo foi agente do poeta e dramaturgo Amiri Baraka, de Ken Kesey, autor de Um Estranho no Ninho e, por último, do livreiro e escritor beat Lawrence Ferlinghetti.

Lord não foi só agente de escritores revolucionários, mas ajudou a lançar escritores como Nicholas Pileggi, autor de Wiseguy, e também a arranjar produtores para o filme dirigido por Martin Scorsese, Os Bons Companheiros

No começo dos anos 1960, Lord pediu a Keroauc que ajudasse no lançamento do primeiro e mais famoso romance de Kesey, Um Estranho no Ninho, filmado por Milos Forman, mas ele declinou. Lord estava tão impressionado com o livro que acabou representando Kesey também no romance seguinte, Sometimes a Great Notion (Uma Lição para Não Esquecer, 1971) que foi filmado com direção e atuação de Paul Newman.

Lord também representou o ex-secretário de Defesa americano Robert McNamara e o juiz John Sirica , do caso Watergate, e trabalhou com frequência com Jackie Kennedy quando a ex-primeira dama norte-americana era editora na Doubleday e Viking. Ele falava com orgulho de um projeto que recusou: arranjar um editor para as memórias do ex-presidente Lyndon Johnson.

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